Enquanto atende as gestantes em seu consultório, acompanha o desenvolvimento dos bebês e tira dúvidas das futuras mães, a médica obstetra Danysa Nascimento também comenta a respeito de um projeto especial que realiza. “Eu preparo enxovais com itens doados por pacientes da rede particular e distribuo. Então, sempre comento com as gestantes sobre isso”, afirma a especialista de 43 anos.
A ação voluntária iniciou em 2012 no município de Biritiba Mirim – a 80 quilômetros da cidade de São Paulo – e já arrecadou quase mil enxovais compostos por fraldas, toalhas, produtos de higiene, bolsa de maternidade e diversas peças de roupa para bebês. “No começo fazíamos no máximo 12 kits por mês, mas o número de pessoas envolvidas cresceu muito e hoje são mais de 30 mães carentes atendidas mensalmente”, comemora.
Como a boa ação de uma desconhecida fez esse homem achar um doador de rim
A ideia ficou tão conhecida no município de 30 mil habitantes que a médica foi apelidada carinhosamente de Robin Hood. “Foi uma brincadeira que começou em uma reportagem a respeito do projeto”, conta. Só que, diferente do herói inglês que roubava dos ricos para distribuir aos pobres, Danysa pedia doações das pacientes com melhores condições de renda e distribuía todos os itens entre mulheres grávidas atendidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS). “Minhas pacientes são lindas. Criamos um vínculo maravilhoso durante o pré-natal e elas se envolvem com o projeto trazendo muitas doações”.
Há casos, inclusive, de gestantes que decidiram contribuir antes mesmo de seus bebês nascerem. “Eu tive um chá de bebê surpresa no meu serviço e resolvi doar um pouco das coisas que ganhei”, relata a auxiliar administrativa Josy Aparecida de Melo, de 35 anos. À espera do segundo filho, ela aproveitou algumas consultas agendadas com a obstetra para levar suas sacolas com fraldas, lenços e outros produtos de higiene que recebeu. “Nós, mamães, sabemos o desafio que é montar um enxoval. Então, admiro muito esse trabalho e continuarei ajudando”, garante.
Além de contar com voluntárias como Josy, a médica também recebe doações de mães que receberam enxovais em gestações anteriores e decidiram contribuir com o projeto depois. “Uma paciente que eu ajudei em 2012, por exemplo, trouxe muitas doações ano passado”, comenta Danysa, que se emocionou ao lembrar dessa mãe. “Ela disse que sua condição financeira estava bem melhor, mas que ela não esquecia o que o projeto havia feito por ela e queria agradecer. Para nós, isso é muito gratificante”.
O projeto
Comerciantes da cidade e amigos também começaram a colaborar com a iniciativa e atividades como palestras e aulas de reforço escolar foram incluídas no projeto. “Hoje falamos sobre educação inclusiva, saúde da mulher, gravidez na adolescência e ainda oferecemos atividades recreativas como capoeira para moradores da periferia”, afirma a médica, que atende famílias do município de Biritiba Mirim, da capital paulista e até de cidades em Minas Gerais.
Segundo ela, a ideia é uma homenagem à sua mãe Elisabete do Nascimento, vítima de um grave câncer de mama. “Minha mãe sempre foi muito ligada à caridade e fazia enxovais de tricô para entregar a gestantes carente. Só que ela faleceu aos 57 anos e eu decidi continuar o projeto por meio das doações”, conta Danysa, que não teve tempo de aprender a tricotar com a mãe.
Para contribuir com a iniciativa ou indicar uma família para receber auxílio, é possível entrar em contato com os voluntários por meio do Facebook Dra Danysa Projeto Crê Ações ou ainda pelo e-mail projetocreacoes@gmail.com. O grupo recebe qualquer tipo de doação e apenas solicita às gestantes assistidas que preencham um cadastro com informações socioeconômicas da família e do acompanhamento pré-natal realizado.
***
Recomendamos também:
- Projeto voluntário permite a universitárias deixar filhos com cuidadores durante aulas
- Missionário americano atua há 10 anos como o único médico de 1 milhão de sudaneses
- Após descobrir síndrome de Down no parto, pais criam campanha para concretizar projetos de inclusão