Por mais que as crianças já estejam adaptadas à escola, um feriado prolongado pode gerar nos pequenos certa resistência em retornar à rotina escolar. Trata-se de um comportamento normal, afinal, na avaliação da criança, dificilmente existirá melhor lugar para se estar do que em casa, na companhia dos pais e de seus brinquedos.
Além disso, muitas vezes os feriados prolongados são oportunidade para breves viagens e passeios a lugares desconhecidos. Ao desfrutar dessas experiências, é lógico que a criança pense em prolongá-las ao máximo – quem não faria o mesmo? – e surge a resistência em voltar para a escola. Na visão do pequeno, não ir à escola pode ser uma maneira de manter aquela experiência prazerosa do feriado por mais tempo.
Como lembra a psicóloga e diretora da Escola do Bosque e Mananciais, Lélia Cristina Melo, em casa a criança é mais “única” do que na escola, onde tem de dividir espaço e atenção com as outras crianças e normalmente precisa se submeter a regras e estruturas mais rígidas. “Crianças mais novas são muito vinculadas à casa, à mãe e à família. A casa é lugar do aconchego emocional”, explica. Por isso é natural que eventualmente a criança manifeste resistência em voltar para a escola, normalmente através de choro e manha. Em alguns casos, pode aparecer também na forma de comportamento agressivo ou destrutivo.
As atitudes do pequeno podem acabar mexendo com os pais – muitos acabam sentindo-se culpados por terem de se separar dos filhos –, mas eles não devem ceder, como explica a diretora de ensino do Grupo Educacional Amplação, Gisele Mantovani Pinheiro. “Isso [a birra] acontece porque as crianças se afastam da rotina durante um período significativo de tempo e ficam mais próximas aos pais.”
Para a educadora, o melhor a fazer é preparar a criança para esse retorno, falando da escola de forma positiva e criando boas expectativas em relação ao ambiente educativo, aos amigos de classe e à professora. Palavras carinhosas devem ser usadas para fortalecer a ideia de que a escola é (e será) sempre um espaço prazeroso de aprendizagem mútua e de socialização. “Oriento que os pais não cedam às chantagens emocionais dos filhos, não se culpem e tenham consciência de que os pequenos perceberão e assimilarão a sua postura segura e confiante”, diz Gisele.
Segurança
A postura decidida e segura dos pais é apontado por Lélia como a forma mais simples de se evitar manhas e choros na hora de ir para a escola. As crianças percebem facilmente quando os pais – principalmente as mães – têm algum receio na hora de levar os filhos à escola e se aproveitam disso. “Se a criança chora e a mãe fica abalada e insegura, no dia seguinte a criança vai chorar de novo. Mas se a mãe a deixa na escola, com uma postura segura e firme, em dois minutos a criança já para de chorar e vai para as suas atividades tranquilamente.”
A postura dos pais em relação à escola também é fundamental. Quando os pais têm alguma desconfiança sobre a orientação educacional ou postura dos professores, os filhos percebem e reproduzem o comportamento, não querendo ir para a escola.
Dicas para evitar manhas na hora de voltar para a escola
Valorize a escola, professores e funcionários
Evite falar mal da professora perto da criança. O mesmo vale para funcionários e a escola em geral. As críticas podem levar a criança a sentir-se insegura ou desmotivada em ir para a escola. Se houver algum desacordo entre você e os professores, resolva longe da criança.
Sempre se divirta com a família
Muitas crianças resistem em voltar para a escola para tentar prolongar os bons momentos vividos em família. Se esses momentos forem mais frequentes e não restritos aos poucos feriados prolongados do ano, a criança pode ter mais facilidade para retornar à rotina escolar depois da “folga”.
Participe da vida escolar
Pais que acompanham a rotina escolar da criança e estão por dentro do calendário de atividades da escola ajudam o filho a perceber que, mesmo sem estar no local, os pais fazem parte da vida escolar. Manter relações amigáveis com outros pais e incentivar o contato da criança com os colegas de sala também é importante.
Rotina positiva
A rotina da família deve ser trabalhada como algo natural e benéfico. Isso vale tanto para a ida diária da criança à escola quanto o expediente de trabalho dos pais. Ao perceber que todos na família possuem uma rotina e a encaram de forma positiva, a criança pode aceitar mais facilmente a dela.
Envolva a criança
Os pequenos devem ser envolvidos no processo que antecede a ida à escola. A criança pode ajudar a preparar o próprio lanche, arrumar os materiais, separar brinquedos etc. Isso ajuda na motivação.
Não ceda
Principalmente no início da vida escolar é tentador ceder ao choro do filho que não quer ir para a escola. Mas resista, a menos que haja um motivo real para faltar à aula, as crianças devem manter a rotina escolar. Dar atenção demais às resistências da criança pode ser um passo para criar um pequeno ditador em casa.
Problemas de relacionamento
Às vezes as crianças não querem voltar para a escola por causa de brigas ou desentendimentos com colegas ou mesmo com professores. Estimular a criança a contar como foi seu dia na escola e manter uma postura de abertura com ela torna mais fácil aos pais identificarem problemas desse tipo.
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