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Um novo estudo mostrou que a quantidade de tempo que um adolescente passa diante da tela do computador ou do smartphone tem relação com o surgimento de sintomas de depressão e pensamentos suicidas. Segundo especialistas, porém, você não precisa jogar pela janela o celular do seu filho – não é isso que resolve o problema.

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Publicado no começo de dezembro na revista Clinical Psychological Science, o estudo descobriu que 48% dos adolescentes que passam cinco ou mais horas online por dia apresentam pelo menos um fator de risco ligado ao suicídio – como depressão, pensamentos ou tentativa de suicídio. O número é 66% maior do que entre os adolescentes que passam apenas uma hora por dia online.

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São as meninas que mais estão sofrendo com esse problema. Entre 2010 e 2015, o número de meninas adolescentes com sintomas de depressão cresceu quase 58%, enquanto o número de meninos na mesma situação subiu apenas 9%. Para Jean Twenge, professora de psicologia na Universidade Estadual de San Diego e autora do estudo, o crescimento está relacionado à popularização dos smartphones.

A pesquisadora sublinha que embora a conexão entre uso intensivo de smartphones e comportamento suicida seja interessante, não é possível afirmar que um seja causa ou consequência do outro. “Precisamos de mais pesquisas. É difícil dizer se é o tempo online que causa depressão ou o contrário. No entanto, com os dados que temos no momento, a minha leitura recomenda que o uso de dispositivos eletrônicos deveria ser de no máximo duas horas por dia”, diz Twenge ao Deseret News.

Ressalvas

Outros especialistas, porém, ficam com um pé atrás e dizem que se pais, legisladores e ativistas simplesmente cederem à conclusão de que a causa dos problemas dos adolescentes são os smartphones, estarão evitando um debate necessário e saudável que envolve outros fatores: a instabilidade familiar, a falta de sono e de exercícios, uma dieta ruim, pressões econômicas, etc.

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Bruce C. Poulsen, psicólogo-chefe do Primary Children’s Hospital, não está disposto a dizer que a “cultura digital” é totalmente ruim. “Não podemos simplesmente ver esse estudo e dizer: caso encerrado, toda essa parafernália é ruim e causa depressão. A questão é complexa”, diz ele ao Deseret News. “Certamente não é possível dar apenas uma resposta que possa ser usada para explicar a saúde mental e o bem-estar de toda uma geração”, complementa Katie Davis, professora-assistente da Washington Information School.

Para Poulsen, o estudo de Twenge deve ser usado para fomentar um debate sobre como estamos usando as novas mídias e conversas francas entre pais e filhos sobre a saúde mental dos adolescentes. Em seu trabalho com adolescentes e suas famílias, ele sempre recomenda a abordagem de “acrescentar opções ao seu menu de coisas que podem fazer e formas através das quais podem interagir com as pessoas, em vez de simplesmente cortar certas coisas”.

Ele lembra que muitos pais são de uma geração que vê dispositivos eletrônicos como um luxo, enquanto seus filhos os veem como algo de tanta utilidade pública quanto água corrente. A depressão, lembra Poulsen, é uma desordem biopsicossocial – se os adolescentes usam a tecnologia para fortalecer suas relações sociais, isso é bom.

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