Como saber se seu filho pratica bullying? Alguns sinais são semelhantes aos encontrados nas vítimas desse tipo de agressão.| Foto: Izzy Park/Unsplash
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Impaciência, baixa autoestima, vontade frequente de faltar às aulas e desânimo são sinais importantes de serem reparados pelos pais quando apresentados pelas crianças. Afinal, mudanças bruscas de comportamento podem ser sinal de que algo não vai bem. Alguns destes comportamentos podem ser encontrados nas vítimas de agressão pelos colegas, porém também podem ser alertas de que seu filho pratica bullying.

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E então, como saber se seu filho, ao invés de ser vítima de bullying, é quem pratica tal ato? Para psicóloga familiar e jurídica Helena Virmonde (CRP 08/9650), o primeiro passo é descobrir se a criança já sofreu anteriormente tal agressão oriunda de outro colega, pois, segundo ela, há vários estudos que demonstram que praticantes de bullying foram vítimas da mesma conduta anteriormente.

Além disso, é importante que os adultos avaliem as circunstâncias das relações familiares que a criança está inserida, pois mudanças na dinâmica familiar, como o uso e abuso de substâncias, luto, doença grave, separação, mudança de casa ou cidade podem impactar no emocional da criança e adolescente, segundo a psicóloga.

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Ela explica que, algumas vezes, o ataque é utilizado como mecanismo de defesa da criança que precisa de ajuda. Insegurança e baixa autoestima, por exemplo, são sentimentos marcantes no perfil da criança que pratica bullying. “É como se na ação verbal e física contra o outro, o jovem se fortalece e coloca a sua agressividade”, complementa Helena.

Porém, se feita essa reflexão e os pais não encontrarem qualquer motivo razoável para mudança do comportamento, é importante que busquem auxílio de um profissional especializado. Isso porque alguns quadros neurológicos ou psiquiátricos podem motivar um comportamento agressivo, como transtorno de déficit de atenção e hiperatividade, transtorno desafiador opositor e síndrome de Tourette, exemplifica a profissional, embora ressaltando que nem todas as crianças e adolescentes que praticam bullying detêm tais diagnósticos.

Como abordar a criança para confirmar se seu filho pratica bullying

A psicopedagoga e psicóloga Fabiana Canda (CRP 08/10626) acredita que o diálogo entre pais e filhos deve ser um espaço para a conversa sincera e aberta, em que os adultos possam compartilhar suas vivências escolares e histórias de vida, fazendo com que as crianças criem um repertório para lidar os seus conflitos de uma forma mais adequada e coerente e desenvolvam ferramentas sociais.

Porém, com a correria do cotidiano, muitas vezes não é fácil para os pais conseguirem abordar assuntos tão delicados, como a prática do bullying. Por isso, Fabiana, que também é neuropsicóloga e educadora parental, orienta que os momentos de intimidade familiar sejam criados em torno da mesa durante as refeições, ou até mesmo dentro do carro entre um trajeto e outro. “A criança e adolescente pode trazer o que está pensando, sendo uma ótima oportunidade para os pais os ajudarem a criar estratégias para resolver seus conflitos”, acrescenta.

Descoberta a prática do bullying, o advogado Alexandre Saldanha orienta aos pais que, inicialmente, conversem sobre as consequências da prática para a vítima, uma vez que o bullying é uma modalidade de assédio moral com resultados traumáticos para a vida toda. “Dentro desse diálogo deve ocorrer um trabalho educacional empático que leve o agressor a entender a extensão do sofrimento causado não só para a vítima, mas para toda a sua família”, orienta o profissional que é especialista em bullying e cyberbullying.

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Nesse sentido, se seu filho pratica bullyng, Helena indica a importância de ensinar sobre empatia, a importância de se colocar no lugar do outro e as consequências dos próprios atos.

Afinal, a relação de causa e efeito jurídico da prática do bullying pode acarretar para o agressor enfrentar um processo na delegacia da criança e do adolescente, e responder um processo indenizatório na vara cível juntamente com os pais em decorrência da agressão praticada, destaca o advogado.

Muito embora seja comum que os pais tendam a "passar panos quentes" na situação, tomando para si a responsabilidade ou até mesmo diminuindo retoricamente o potencial lesivo do ocorrido, como uma forma de proteger seus filhos, Saldanha destaca a importância de não retirar do agressor o dever de arcar com as responsabilidades do que se faz.

“Esse momento de conscientização das consequências da vida adulta é de suma importância, pois, é exatamente nesse ponto que a família está contribuindo para o crescimento social e humano de seus filhos, dando-lhes a oportunidade de se desenvolverem como cidadãos responsáveis e conscientes de suas atitudes, bem como dotados de plena consciência dos resultados da prática de ilicitudes na vida cotidiana, sobretudo na vida adulta”, destaca.

Reparação à vítima cabe à família

Ultrapassada a conscientização do agressor, no que diz respeito à vítima, é importante que a família busque tomar atitudes de reparação pública na mesma medida e intensidade da agressão praticada.

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“Cabe à família do agressor prestar toda a assistência humana ou financeira, arcando com o tratamento psicológico, clínico e medicamentoso, se necessário”, orienta o advogado.

A responsabilidade da família uma vez que é dela o modelo socioeducacional que a criança espelha e reproduz, inclusive dentro da escola. Portanto, conforme explica Saldanha, a responsabilidade pela má educação volta para casa, ficando a cargo da família do agressor o dever reparatório pelo bullying praticado.