Todos os pais desejam o melhor para seus filhos e buscam desde o nascimento deles proporcionar a maior quantidade de oportunidades possíveis que os beneficie. E a formação acadêmica é uma destas. Mas como saber quando é a hora para começar a pensar no planejamento da faculdade das crianças?
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Igor Lucena, economista, empresário e doutor em Relações Internacionais acredita que planejar a faculdade dos filhos é uma decisão muito pessoal. Principalmente porque a escolha da profissão é algo intrínseco a cada um e muitas vezes o ingresso no ensino superior não é desejado por muitos jovens, devido ao baixo estímulo dado durante o ensino médio. “Infelizmente não temos uma cultura de motivação em massa dos jovens ao ingresso da universidade, o que poderá ser alterado nos próximos anos com a mudança na BNCC que incluirá visões universitárias dentro do ensino médio”, complementa.
Segundo o economista, o primeiro e principal passo para planejar o ingresso dos filhos na universidade é a motivação desde a infância para um preparo intenso de estudos quando for jovem. “Isso significa uma maior capacidade de estudo, de resiliência e de fazer com que os filhos estejam cientes do desafio que é uma universidade, imprescindível para o ingresso no mercado de trabalho”, destaca Lucena.
Planejamento financeiro
“É difícil mensurar quanto deve-se poupar para financiar a faculdade dos filhos, visto que temos cursos com a mensalidade de R$ 300, enquanto outros chegam a custar R$ 9 mil, totalizando, em média, de R$ 18 a R$ 540 mil reais quando, considerado um curso de cinco anos. São valores muito expressivos”, acrescenta o especialista.
Para os pais que desejam investir na faculdade dos filhos desde seu nascimento, Lucena acredita que os fundos de ações, fundos de renda variável ou fundos multimercado são mais adequados, considerando que o dinheiro será investido por, no mínimo, 16 anos. “Sim, é mais arriscado. Mas no longo prazo compensa muito mais do que os fundos de renda fixa ou título do Tesouro Direto”.
O financiamento estudantil também é uma boa opção enquanto possui juros baixos, como os atuais, próximos a 3,5%. “Entretanto se a situação inverter e as taxas de juros ficarem muito altas, é melhor usar as reservas ou os valores que estão aplicados em outros títulos para quitar a dívida estudantil. Sempre dependerá basicamente da taxa de juros, sendo benéfico o financiamento estudantil enquanto estiverem até 5%. Mais do que isso não vale a pena”, alerta o profissional.
Além disso, Lucena acredita que na hora do cálculo do pagamento das mensalidades deve ser levado em conta, de forma principal, a análise do risco do retorno financeiro. Ou seja, calcular qual será o retorno financeiro o filho terá no desempenho da profissão referente ao curso escolhido, dado o nível de gastos mensais.
Retorno financeiro
Inclusive, o retorno financeiro do curso escolhido é uma das métricas que ele sugere como escolha, na hora da indecisão. “É muito importante fazer a análise do retorno do investimento considerando o quanto se empenha na faculdade e de quanto vai ser a remuneração média, dada as situações de mercado que variam bastante", explica o economista.
Um exemplo trazido por Lucena é de quando havia um crescimento econômico bastante forte e os cursos de engenharia não possuíam alto custo. "Eles eram muito procurados já que o mercado estava pagando altos valores aos profissionais formados, pois havia uma falta de engenheiros no Brasil. Neste momento, diferentemente, estão sendo valorizados e mais bem remunerados os profissionais de medicina e aqueles ligados à Saúde por causa da pandemia".
Considerando o custo elevado das universidades particulares, a melhor opção encontrada pelo economista, do ponto de vista financeiro, é de que o aluno busque o ingresso na faculdade pública, mesmo que precise permanecer de um a dois anos em cursinhos pré-vestibulares.
“Levando em consideração que a universidade pública é gratuita, esse é um ponto financeiro primordial. Além disso, embora as universidades públicas tenham um ritmo mais pesado, os seus diplomas têm maior peso no mercado de trabalho e muitas vezes os professores são extremamente bem qualificados”, avalia Lucena.
A união faz a força
Ney, professor universitário e consultor de empresas, e Jecyleine Kloster, formada na Belas Artes e em Educação Artística, têm nove filhos. Destes, cinco já ingressaram na universidade, tanto no Brasil e quanto no exterior. Eles nunca fizeram um fundo de investimento para as crianças, mas sempre motivaram os filhos a seguirem seus sonhos.
Assim como o economista Igor Lucena, o casal considera que o planejamento para o ingresso dos filhos na universidade deve iniciar desde seu nascimento, já na pré-escola com a escolha de uma instituição de ensino que contribua para o desenvolvimento do estudante. “A escola deve ser parceira da família, de modo que os pais continuem sempre presentes na educação de seus filhos, jamais terceirizando a tarefa. Afinal, eles devem ser os protagonistas”, orienta Jecyleine.
Ney e Jecyleine acreditam que os pais não devem definir, nem influenciar na escolha do curso universitário dos filhos, cabendo a eles contribuir para que os jovens desenvolvam um propósito de vida. “A maturidade que damos aos filhos deve levar à definição de um projeto de vida, evitando pensar apenas no retorno financeiro, mas no serviço que prestarão à sociedade. Nós temos que contribuir para que os nossos filhos sonhem com o curso que realizarão o sentido da sua vida”, destaca o casal.
Jecyleine conta que um dos seus filhos, quando finalizou o ensino fundamental, decidiu fazer o ensino médio nos Estados Unidos. Embora a família não possuísse meios financeiros, apoiou o jovem para alcançar seu sonho. Por meio do seu próprio esforço ele encontrou maneiras para se manter no país no qual reside até hoje e atualmente está cursando um mestrado.
Além disto, o casal destaca que os filhos devem conhecer a situação financeira da família para juntos fazerem um planejamento. Afinal, a universidade deve ser fruto de um desejo e sonho do jovem, no qual os pais contribuem na medida do possível. Se a família faz um esforço para arcar com algum custo para o universitário, caberá a ele mais tarde contribuir para custear alguma ajuda para seus irmãos, afinal a família é como um time que trabalha junto. “O trabalho deve ser feito em equipe, com sinergia”, conclui o casal.