Katherine Timpf, National Review
O caso não repercutiu muito no Brasil. Nos Estados Unidos, porém, só quem mora numa caverna não sabe que cinquenta pessoas – entre elas as atrizes Lori Loughlin e Felicity Huffman – foram acusadas de pagar propina e fraudar provas de admissão para colocar seus filhos em universidades melhores do que eles mereciam.
Ser presa só para que sua filha pudesse entrar para a universidade a fim de frequentar as festas e ganhar likes no Instagram é lamentável. Estou falando sério. A filha de Loughlin, Olivia Jade Giannulli, não faz o tipo que se importa muito com uma educação superior. Num vídeo que ela publicou em agosto, Giannulli dizia: “Não sei quanto mais vou estudar” e “Não me importo muito com a escola”, explicando que estava mais interessada nos jogos estudantis e nas festas.
Deve ser uma decepção perceber que você gastou 500 mil dólares e agora corre o risco de ser presa por tentar ajudar uma menina que claramente não se importa. Mas é isso mesmo: lições de vida como “o esforço compensa” e “você tem que dar duro para conseguir o que quer” às vezes valem mais do que o que se aprenderia nas aulas da faculdade nas quais Giannulli admitia que pretendia reprovar.
Em vez de deixar que os filhos aprendam tais lições, esses pais criam os filhos para que eles acreditem que têm direito a qualquer coisa que queiram, independente de esforço ou mérito, simplesmente porque seus pais são ricos. Giannulli não está pensando em frequentar as aulas porque, bom, porque os pais dela a ensinaram que ela não precisa.
Tenho certeza de que esses pais só estavam querendo ajudar, mas o que eles fizeram foi transformar os filhos no tipo de gente que é insuportável ter por perto. Não conheço Giannulli, mas não preciso conhecê-la para saber que uma pessoa que não demonstra qualquer gratidão diante da oportunidade que lhe deram não é o tipo de menina que quero como amiga. Se você discorda, sugiro que dê uma olhada no vídeo que ela publicou no YouTube se vangloriando dos presentes luxuosos que ganhou no Natal, porque “vergonhoso” é pouco para descrevê-lo.
A verdade é que crianças mimadas como Giannulli acham que não serão responsabilizadas por nada porque foi o que seus pais as ensinaram. Se você não acredita em mim, dê uma olhada neste vídeo de um menino defendendo seus pais por supostamente ajudarem a filha a fraudar provas enquanto ele fuma um baseado nas ruas de Nova York, onde a maconha é ilegal. Claro que ele não está preocupado com a lei, porque sabe que nenhuma das consequências que pode vir a enfrentar jamais será considerada sua responsabilidade. Os pais dele pagarão sua fiança, como provavelmente já fizeram tantas vezes.
Tive de trabalhar muito por tudo o que tenho e admito que houve momentos em que quis ter pais ricos capazes de usar o dinheiro, poder e prestígio deles para abrir as portas para mim. Agora, contudo, sou grata por ter precisado me esforçar – porque cresci e não me transformei numa babaca. Aprendi a valorizar coisas como o trabalho duro, a independência e a perseverança, e não fui estúpida o bastante para comprar um ingresso para o Fyre Festival.
Não me leve a mal: não há nada de errado com os pais que ajudam legalmente seus filhos quando podem. Não há nada de errado em lhes dar vantagens, mas em ensiná-los que o dinheiro dos pais os transforma em pessoas acima de regras e consequências só fará como que eles se transformem em pesadelos intoleráveis.
Tradução de Paulo Polzonoff Jr.
©2019 National Review. Publicado com permissão. Original em inglês.
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