Uma foto, um comentário ou até mesmo um compartilhamento quando publicados nas redes sociais podem causar diversos transtornos na vida de um adolescente, se feito de modo inapropriado. Como evitar isso?
Partindo do princípio de que os pais são responsáveis pelos filhos e suas atividades, virtuais ou não, o primeiro cuidado que se deve ter é o cumprimento da exigência da idade mínima para o cadastro e acesso nas redes sociais pelos adolescentes, sem que haja uma deturpação da idade informada, como também não seja utilizado o cadastro dos adultos para o acesso dos menores.
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Marcos Meier, escritor, psicólogo e palestrante, orienta que o melhor cuidado é por meio do diálogo constante entre pais e filhos, principalmente se forem adolescentes, ainda que seja preciso repetir mil vezes o que já foi dito. Não tem outra saída!
O diálogo com o adolescente deve levá-lo a entender a seriedade das consequências possíveis que existem por trás da publicação de coisas inapropriadas, inclusive a responsabilização judicial dos pais ou responsáveis. “Os adolescentes são muito inteligentes, por isso, peça para que eles pesquisem na internet quais são as consequências da publicação de coisas inapropriadas. Eles irão achar e vão trazer a informação. Isso vai fazer com que eles leiam coisas assustadoras e vai ser bom para criarem consciência”, orienta o psicólogo.
Após os adolescentes apresentarem o resultado das pesquisas, os pais devem conversar à respeito, combinando, neste momento, o que pode, o que não pode e o que jamais deve ser publicado. Desta maneira fazendo-os entender os princípios que vão além da publicação, que podem configurar em preconceito, bullying ou outra mágoa que atinja um terceiro.
Afeto e autoridade
A fiscalização também se faz necessária. Aqui não se discute se é ou não adequada essa atitude por parte dos pais: ela deve ser obrigatória. No entanto, não deve ser invasiva, intrometida ou desrespeitosa. A melhor opção é também a conversa, na qual o filho voluntariamente permite o acesso dos pais em suas redes. "Podemos falar assim: 'Filho, eu vou, de vez em quando, pedir para você abrir as suas redes sociais e mostrar o que está fazendo, sem que seja escondido'. E se questionados sobre a confiança no adolescente, cabe respondermos: 'É por confiar em você que vou pedir para você mostrar. Se não confiasse, eu mesmo faria. Peço para vermos juntos por confiança e por eu ser obrigado por lei a acompanhar você e ser responsável por suas ações'", exemplifica Marcos Meier.
E na medida em que maior é a intimidade dos pais com os filhos, com o afeto e a autoridade, a fiscalização é cada vez mais desnecessária. “Além de ser querido e amado, o filho precisa entender que os pais têm autoridade sobre a vida dele”, pontua o psicólogo. “E é isso que vai trazer segurança emocional para o adolescente, porque se não for assim, ele faz o que quiser sem limites”, complementa.
É sempre muito importante escutar os argumentos que os adolescentes têm. Por isso que o exercício da autoridade dos pais tem de ser sábia, a fim de que as determinações não se tornem um autoritarismo sem lógica, sem sentido, mas que, pelo contrário, sejam vistos como meios de educação pelos próprios filhos.
Automonitoramento
Desenvolver nos filhos a autonomia traz benefícios também para esta questão. Ao serem autônomos, o que segundo Marcos Meier é a soma da responsabilidade com a liberdade, os filhos são capazes de se autonomitorar. E a capacidade de decidir por si mesmo dá ao adolescente o senso crítico de avaliar se algo é certo ou errado. “A autonomia tem que ser construída desde criança pelo ensino constante dos princípios e valores”, ensina Meier.
Então, 1uando o adolescente publica algo indevido nas redes sociais, os pais devem buscar o princípio que está além da mera postagem, mas encontrar o verdadeiro significado que ela transmite. Por exemplo: qual o valor ou virtude que impediria aquela publicação que não foi bem construída no adolescente? Com isso, por meio do diálogo, os pais devem buscar desenvolver aquele princípio no filho, evitando atitudes agressivas, preconceituosas, estereotipadas e incentivando o automonitoramento.
E quando os pais não são nativos digitais?
Ter um vínculo afetivo com os filhos faz com que consigamos indicar a forma saudável de viver e usar as redes sociais, ainda que não sejamos nativos digitais. E isso pode ser feito com ações que vão além do mundo digital, e que são possíveis a qualquer pessoa, como o comprometimento do adolescente com projetos sociais, ONG’s ou voluntariados que ajudam outras pessoas.
Com isso, o jovem deve entender que as atitudes que ele tem nas redes sociais devem ser de aprendizado e de ajuda, evitando se transformar em um usuário da rede social que apenas consome conteúdo vazio. Além do mais, o envolvimento dos filhos nas tarefas domésticas e atividades familiares constrói a consciência de que cada membro da família precisa se envolver de forma prática e isso vai dar base para o adolescente entender que precisa estar inserido na comunidade, seja da escola, seja do bairro, com as outras pessoas e precisa colocar-se à disposição dos outros para não se tornar o centro das atenções.
“Isso evita que o adolescente construa uma imagem de isolamento e egocentrismo, deixando de se tornar egoísta, prepotente, arrogante e preconceituoso. Precisamos construir uma educação em casa baseada no afeto e na autoridade, na qual a criança e adolescente precisam participar, com uma mentalidade positiva e saudável em relação ao trabalho, a vida e respeito às outras pessoas. E aí, o uso da rede social também vai ser saudável porque vai ser uma consequência daquilo que o adolescente já é”, acredita o psicólogo.