Perto do Natal fica difícil controlar a vontade de satisfazer todos os pedidos de presente dos pequenos, mas é importante estabelecer limites.| Foto: Bigstock
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Chegam o fim do ano e as compras de Natal — e, com eles, sempre aquele pedido mirabolante das crianças. Todo pai já passou pelo momento em que o filho ou pede alguma coisa que está totalmente fora do orçamento da família.

Pois essa é uma ótima oportunidade para ensinar as diferenças entre necessidade e desejo e que nem sempre as coisas vêm de maneira fácil.

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A educadora parental Renata Neaime já adotou a tática há algum tempo em casa. Quando vai a uma loja de brinquedo e o filho pede algo, ela logo tira uma foto do possível presente. No momento de presenteá-lo em alguma data especial, ele tem acesso a essa lista de desejos e escolhe o que realmente quer. É uma das formas que ela escolheu para ensiná-lo a fazer escolhas.

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Desejar é bom, mas não é tudo

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“Todos nós temos desejos e os desejos nos movem. Eu tenho a meta de ter uma casa maior, comprar um carro novo, fazer uma viagem”, diz Renata. Com o trabalho é possível perseguir esses sonhos. Assim é com os adultos, assim deve ser, também, com as crianças, diz ela. “A diferença é que elas não têm essa independência financeira”, destaca. Saber o valor do dinheiro, portanto, é importante desde quando somos pequenos.

Outro ponto importante que Renata ressalta é a importância de passar a mensagem de que nem sempre é possível conseguir tudo aquilo que se deseja. Ela conta, inclusive, que o filho passou até a pedir menos nos passeios em família. “Não que ele deixou de desejar, mas deixou de pedir o tempo todo porque entendeu que ele mesmo precisava fazer escolhas e abrir mão de um para receber outro”, conta ela.

Honestidade é essencial

Priscila Ximenes Souza do Nascimento, doutora em Educação, Professora do Curso de Licenciatura em Pedagogia da PUCPR, explica que para o desenvolvimento moral as crianças precisam de prática.

“Até os 6 anos de idade a gente fala de um estado do desenvolvimento em que a criança constrói a lógica de regras baseada no que é estabelecido pelo outro”, diz ela. É por isso que simplesmente negar um pedido sem explicar o porquê não é indicado.

Ser honesto com os filhos também serve para ensiná-los que nem sempre desejar significa ter. “Respeito envolve amor, mas também responsabilidades. A criança precisa desses dois elementos e o adulto precisa ser franco com a criança”, orienta a professora. Renata concorda e destaca que simplesmente dizer "não" é transformar o aprendizado.

“Não adianta falar que não tem dinheiro para comprar o brinquedo porque a criança vai te ver comprando um alimento ou algo para casa e na cabeça dela vai parecer que o desejo dela não é importante”, alerta a educadora parental. E para evitar esse tipo de pensamento ela indica mostrar que o pedido da criança é importante, mas nem sempre será atendido.

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Necessidade X Desejo

Mais uma questão levantada por ela é justamente diferenciar o que é necessidade do que é desejo. “Uma necessidade é se alimentar, comer, ingerir nutrientes que fazem bem para a saúde. Um desejo é comer um chocolate, por exemplo. Com o consumo é a mesma coisa” esclarece.

Uma opção nessa época em que o Natal se aproxima e que as compras predominam nas conversas e no dia-a-dia, na opinião da Priscila, é promover tempo de qualidade em família. “Essa é a maior necessidade das crianças. Esse tempo de estar junto tem um sentido muito forte nas festas de final de ano”, conclui.