A criança está rodeada de brinquedos que falam, andam, brilham e tocam música, mas se diverte com eles apenas por alguns minutos e logo se interessa por um copo plástico, um graveto ou por aquele ursinho de pelúcia velho que os pais insistem em enviar para a doação. “E basta a gente arrumar uma caixa de papelão nova para que diga que é uma casa ou um prédio e fique brincando ali por horas”, conta a assistente contábil Flávia Cavalcante.
Por que os brinquedos simples são melhores para as crianças e para toda a família
Mãe do Nicolas Daniel, de três anos, ela percebeu que, desde cedo, o filho não dava muita atenção para brinquedos extravagantes, mas se alegrava com itens que estimulavam sua criatividade. “Ele gosta muito de alguns bonequinhos que ganhou faz tempo e vive brincando com uma fazendinha de imãs que meu pai fez para ele”, comenta a moradora de Curitiba.
E a situação não é rara. De acordo com a educadora parental Ana Paula Franz, a facilidade que as crianças têm de transformar objetos comuns em brinquedos favoritos ocorre porque itens simples estimulam a imaginação delas, enquanto aqueles modernos com inúmeras funções tiram isso. “Esses produtos que já vêm com tudo pronto não dão oportunidade de a criança pensar, criar e imaginar”, afirma.
Por isso, além de oferecer brinquedos simples à criança, a especialista também orienta a redução na quantidade de itens à disposição dos pequenos para que eles usem mais criatividade e não se aborreçam com facilidade. “Quando enchemos uma criança de brinquedos, damos a ela muita informação para processar. Então ela se frustra, fica irritada e se entedia rapidamente”.
Quem nunca viu, por exemplo, um bebê começar a chorar no meio dos brinquedos e deixar os pais “desesperados” à procura de uma solução? Nesses casos, Ana Paula aponta que a maioria dos responsáveis acaba mostrando outros objetos com ainda mais barulho e luzes na tentativa de acalmar a criança, mas o correto seria apenas retirar o pequeno daquele ambiente por alguns minutos e deixá-lo em um local tranquilo sem tantas informações.
Além disso, é possível evitar situações como essa ao oferecer brinquedos aos poucos para a criança, trocando os itens quando ela enjoar. “Lembrando que os pais também devem colocar o filho em um lugar seguro e em um momento que esteja feliz para aceitar o passatempo”, pontua a educadora, que aponta as brincadeiras como fator determinante para o desenvolvimento emocional, físico e cognitivo dos pequenos.
Segundo ela, esse desenvolvimento acontece quando a criança brinca sozinha – porque usa imaginação, soluciona problemas e passa a ter mais autoconfiança – e também quando se diverte na companhia de amigos ou dos pais, pois isso estimula habilidades de linguagem e cooperação. “Só que é apenas na brincadeira em família que os laços entre pais e filhos se fortalecem, a criança se sente mais segura e consegue expressar todos os seus sentimentos”, pontua Ana Paula.
Brinquedos que unem a família
Foi pensando nisso que o Colégio do Bosque Mananciais, de Curitiba, começou a realizar ações que unissem os familiares dos estudantes em momentos de descontração na escola. Na última delas, por exemplo, os alunos montaram aviõezinhos de papel, receberam orientações de uma equipe do Aeroclube do Paraná e até concorreram a um voo panorâmico pela capital paranaense durante um torneio para mostrar qual dobradura percorreria a maior distância em ambiente fechado.
O evento aconteceu no dia 5 de outubro e contou com a participação de 70 pessoas divididas em categorias adultas e infantis. “Foi um momento de socialização e aprendizagem através de uma brincadeira muito simples como um aviãozinho de papel”, comentou o professor responsável pelo projeto, Tiago Cazon.
Essa simplicidade da ação, de acordo com a educadora parental Ana Paula Franz, é o que torna a brincadeira ainda mais eficaz para o desenvolvimento da criança e fortalecimento dos laços familiares. Por isso, a especialista orienta a realização frequente de atividades assim em casa, indica o uso de itens já existentes na residência – sem a necessidade de investimento financeiro – e ainda sugere outras cinco brincadeiras para ajudar os pais na tarefa. São elas:
1.Telefone de copos
Convide a criança para criar um telefone e a ajude durante a confecção. Para isso, faça um furinho no fundo de dois copos plásticos, passe um barbante por esses buracos e dê um nó na extremidade para fixa-lo. Aí basta usar a criatividade para decorar o brinquedo, esticar bem o barbante e começar a falar em um dos copinhos para que as vibrações sonoras cheguem ao outro lado.
2.Cesto de tesouros
Essa é uma ótima maneira de ajudar bebês a explorarem o que existe ao seu redor de maneira segura. Então, coloque em uma caixa diversos objetos da casa como colheres, tampas e brinquedos, deixe perto da criança e aguarde ela “mexer” à vontade no que foi colocado no “cesto de tesouros”.
3. Jogo de damas reciclável
Com tampinhas de garrafa, tinta e um pedaço de madeira ou papelão, construa com seu filho um tradicional jogo de damas. Depois, explique as regras à criança, posicione as peças nos espaços corretos e se divirta!
4. Chocalho de sementes
Separe uma garrafa transparente de um tamanho que seu bebê consiga segurar. Adicione no recipiente diversas sementes de feijão, milho e arroz, tampe bem e comece a fazer barulho atrás do bebê. Em seguida, mostre o brinquedo a ele, balance o chocalho algumas vezes e permita que o pequeno manipule a garrafa.
5. Dominó de pedrinhas
Se a família fizer um passeio em um lago, aproveite para separar 28 pedras lisas e com tamanho parecido para montar um jogo de dominó com seu filho. Basta usar tinta ou canetinhas coloridas de ponta mais grossa e pintar as pedras de acordo com as peças tradicionais do jogo.
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