Não é novidade que o direito e o dever de educar as crianças é, primeiramente, dos seus pais ou responsáveis. Porém, muitos podem ser os obstáculos encontrados, dificultando o protagonismo da família no processo educacional.
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Jerónimo Fumanal Andrés, vice-diretor do colégio bilíngue El Prado, na Espanha, acredita que, pelos desafios atuais serem maiores na educação dos filhos do que há duas décadas, é necessário que os pais possuam uma boa formação e saibam ensinar seus filhos nas competências e virtudes humanas.
Por esse motivo, o educador considera uma injustiça com as crianças quando a educação dos filhos é terceirizada integralmente para a escola, sem a participação dos pais, seja por desinteresse ou pela falta de recursos. “O ser humano, por natureza, nasce em uma família. Então, não tem sentido que a família tenha a tarefa da educação, mas não tenha o direito e os recursos públicos para levar a cabo esse projeto”, acredita Andrés.
Educação personalizada
O ser humano sempre é protagonista da sua educação, desde criança até a velhice, porque a educação só é possível quando o protagonista ama o bem que faz. A educação personalizada, presente ainda em poucas escolas, olha cada aluno como um ser humano particular, tratando-o em sua singularidade, seja pelo sexo ou pelo crescimento etário.
Para que o aluno seja o protagonista, necessita que o educador seja formado profundamente no campo humano, além do conhecimento técnico, dominando os níveis, as camadas e os temperamentos humanos. Andrés explica que o temperamento é inerente a cada um, como um presente que é dado no nascimento, sem possibilidade de escolha. Assim, cabe aos pais e ao colégio formar o caráter da criança, que poderá governar seu próprio temperamento, formando sua personalidade.
Educação integral da criança
O ideal seria que as crianças, ao chegarem à escola, encontrassem o mesmo tom humano, espiritual e acadêmico de sua casa. Afinal, de acordo com Andrés, a missão de um colégio deve ser igual ao de uma família.
Não se trata só da vida acadêmica, mas em sentido integral do ser humano, considerando que o objetivo de qualquer educador, sejam pais ou professores, é de que a criança seja feliz e aprenda a ser uma pessoa boa. “Está muito generalizada a ideia de que as crianças precisam se comportar bem e isso é um grande erro”, explica Andrés. “As crianças não têm que se comportar bem, elas precisam ser boas. Portar-se bem é aparência, mas ser bom é ter fé no bem que se pode fazer aos demais”, explica ele.
O educador esclarece que, quando uma criança é educada para se comportar bem, ela pensa que a única coisa que precisa fazer é que seus pais fiquem contentes. Boas notas ou um quarto arrumado acabam sendo moeda de troca por mesada, jogos, tempo ou liberdade. “Mas o ser humano não está chamado a um negócio, mas a descobrir o bem, escolhê-lo livremente e melhorar pessoalmente com cada uma das escolhas que faz, isso chamamos ser bom”, destaca Andrés.
Políticas públicas
Infelizmente, não são todas as famílias que conseguem matricular seus filhos em instituições de ensino que compartilham dos mesmos princípios, seja por questão financeira, geográfica ou outro motivo.
Nesses casos, Andrés acredita ser necessário que, por meio de políticas públicas, não seja violentada a natureza do ser humano. Em outras palavras, que seja aceita a família como protagonista na educação de seus filhos. “A formação é dos pais e cabe aos políticos incentivarem”, destaca o educador.
Para contribuir com que os pais sejam protagonistas na educação de seus filhos, a escola precisa oferecer a eles meios de formação, como uma manifestação de justiça social. “Nem todos os pais puderam receber na sua infância, adolescência e juventude, a formação necessária para formar os filhos de forma adequada. Portanto, todo o sistema escolar nacional, público ou privado, precisa se esforçar para tornar os pais fortes. Com isso saberão o que devem fazer, como educar os filhos e sejam-lhes possibilitados os meios (tempo e dinheiro) para realizar a tarefa mais importante dos pais e de um país: transformar seus filhos em grandes homens e mulheres, grandes cidadãos”, finaliza