A criança que recebe apoio, elogios e incentivo conquista autoconfiança para tentar de novo e acreditar que é capaz.| Foto: Tetbirt Salim/Unsplash
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Acostumada a ouvir comentários negativos de colegas durante a infância, Talita Setúbal percebeu na prática como a família é importante para a construção da autoestima das crianças. “Falavam na escola que eu tinha 'cabelo de bucha', pele com cor de sujeira e que eu era muito magra, mas minha mãe dizia que eu era linda e que Deus tinha me feito perfeita”, relata a advogada.

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Por isso, mesmo que ficasse irritada ou triste com algumas opiniões, ela fazia questão de argumentar e de balançar o cabelo para falar que era bonito. “Aquilo fez diferença para que eu me aceitasse muito bem, e hoje transmito os mesmos valores à minha filha de 2 anos”, afirma, ao comentar que fala diariamente à menina o quanto ela é linda, inteligente, educada e obediente.

De acordo com a psicóloga e educadora Marcia de Souza Furlan, isso é importante, pois a autoconfiança, valor próprio e o reconhecimento das nossas capacidades começa na infância. “Na verdade, antes mesmo do nascimento, por meio do toque, afeto e do tom de voz que o bebê percebe enquanto está na barriga”.

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E isso, segundo a especialista, continua após o nascimento por meio das palavras que ouve, demonstrações de carinho que recebe e das reações que vê nos momentos tranquilos ou estressantes. “Ou seja, a criança movida a gritos, críticas e humilhações de seus pais constrói uma visão de si mesma muito diferente daquela que recebe elogios e apoio”.

Então, o pequeno que é incentivado e valorizado em casa cria autoconfiança para se levantar, tentar de novo, aprender novas palavras e conquistar notas melhores, por exemplo. “Claro que sempre de acordo com a idade da criança”, pontua a psicóloga, ao afirmar que a aceitação e acolhimento em cada dificuldade faz com que os filhos sintam que pertencem à família e que são amados. “Algo essencial para a autoestima que ainda está sendo elaborada”.

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Além disso, a psicoterapeuta explica que os homens têm papel fundamental para ajudar suas filhas a se sentirem confiantes e seguras de si mesmas. “E, da mesma forma, as mães são a primeira referência feminina para os meninos, e essa relação fará toda diferença em como esses futuros homens vão se relacionar e se sentir”.

Por isso, uma característica fundamental dentro de casa deve ser o respeito por todos os membros da família para que a criança entenda que, se ela é respeitada, também deve respeitar os outros e a si mesma. “E, nesse contexto, qualquer forma de agressão ou violência é inaceitável”, aponta a psicóloga, ao citar ainda algumas dicas que podem ajudar os filhos, desde cedo, a construírem uma autoestima elevada que os ajudará durante toda a vida. Veja quais são:

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  1. Acolhimento – é preciso suprir as necessidades emocionais da criança com abraços, beijos e olhando nos olhos dela. “Então, ouça o que seu filho tem para dizer sem estar fazendo outra coisa ou olhando para a tela do celular, pois o foco nesse momento é ele”, orienta a educadora.
  2. Apoio – ainda que seja mais fácil fazer comentários positivos e de incentivo quando o filho é bem-sucedido em algo, lembre-se que esse apoio também deve ocorrer quando a criança errar ou falhar. “Assim, ela saberá que pode tentar de novo”.
  3. Elogios – fale que seu filho é lindo, inteligente, educado e sempre o parabenize pelas conquistas para que a criança saiba que você se orgulha dela e que ela também deve ter orgulho de si mesma.
  4. Aprendizado sobre diferenças – mostre que cada indivíduo é bonito como é, independentemente de seu tom de pele, cabelo ou tipo de voz. Além disso, explique que cada pessoa tem habilidades diferentes e que é isso que torna cada pessoa única e especial.
  5. Tempo de qualidade – dedique tempo de qualidade ao seu filho para conhece-lo, ajudar nas atividades escolares e viver momentos gostosos de lazer.
  6. Regras – nos sentimos amados quando alguém cuida de nós, então estabeleça limites para que seus filhos aprendam, desde cedo, o que é bom para eles.
  7. Resiliência – permita que a criança se frustre em situações condizentes com sua idade para que, aos poucos, ela crie resiliência, aprendendo a recomeçar. “Isso, com certeza, fará diferença quando ele se tornar um adolescente, jovem ou adulto”, finaliza Marcia.