A cena é clássica e recorrente: uma criança fazendo um escândalo em público porque os pais não estão fazendo a vontade dela. Quem tem filhos já passou por isso. Quem não tem, já viu isso acontecer. Esse tipo de comportamento é normal e a maneira como os pais reagem a isso é que deve ser analisada. São os limites impostos nessa fase que desenham uma parte importante da personalidade da criança.
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“Primeiro precisamos analisar o ambiente em que a situação aconteceu”, diz Thaise Lohr Tacla, psicóloga que coordena Curso de Psicologia da PUCPR. Isso porque, segundo ela, se o contexto for uma situação estressante, em que a criança está privada de gastar energia, o motivo pode ser uma simples irritação. Agora se nada disso justifica o comportamento diferente do habitual, a reação dos pais é essencial para remediar a situação.
Ser firme no tom de voz e impor limite, de acordo com Thaise, é o mais importante. “Quando a criança começa a gritar, chutar e jogar coisas, se os pais começam a gritar também, eles entram em conflito”, destaca. A orientação é acolher. Para a psicóloga é importante que os pais esclareçam que compreendem os motivos que geraram a atitude da criança, mas que naquele momento, aquele tipo de comportamento não resolverá nada. Não é assim que ela vai conseguir o que quer.
Lidando com os sentimentos
Ter contato com situações frustrantes é um aprendizado essencial já nessa fase. Nathalia Lopes, psicóloga da área escolar e educacional, explica que a consequência de conseguir tudo na base da chantagem, muitas vezes, interfere em vários aspectos da vida no futuro. “Pode ser um adolescente que não sabe lidar com as regras ou um adulto que não sabe lidar com os colegas de trabalho”, exemplifica.
Como esclarece Nathalia, nas relações sociais há barreiras e limites. Para conviver com pessoas, estudar, trabalhar é preciso obedecer a regras. “Viver em sociedade exige autoconhecimento e diálogo. Saber se comunicar é muito importante”, ressalta ela e, por isso, desde bem pequenos, os filhos devem aprender a se comunicar com os pais. E isso só vai acontecer se os pais conversarem com os filhos, em todas as situações. Inclusive para punir comportamentos inadequados.
Disciplinar é amar
É fundamental ressaltar, ainda, que não há uma fórmula ideal de comportamento, uma regra. Thaise insiste que analisar o contexto ainda é o primeiro passo antes de reagir. “Se achar que não confrontar é melhor do que controlar a consequência, diga sim naquele momento e depois converse. Mas aquilo não pode ser rotina”, ensina a psicóloga.
Expressar afeto é outro ponto que precisa ser normalizado. Não é para brigar, chamar atenção e depois abraçar, aponta Thais, mas em outros momentos estar por perto e mostrar que a criança é especial. “É importante formar vínculos em outros contextos a ponto de, quando precisar ser firme, o filho entender que aquilo é uma demonstração de amor”, conclui.