Mentir consiste em não dizer a verdade na intenção de enganar. Mas assim como não há apenas uma forma de dizer a verdade, a mentira também apresenta diversas modalidades. Pode-se ocultar a verdade, dissimular a situação, distorcer, aumentar ou diminuir a realidade, não fazer ou não pensar o que se diz, prometer o impossível, usar a ambiguidade e tudo o mais que signifique não priorizar a verdade.
É possível melhorar o relacionamento com filhos adolescentes com estes 5 princípios
E quando essas questões começam a aparecer no comportamento do filho adolescente, é preciso atenção dos pais para lidar com a situação da melhor maneira possível. Isso porque, na adolescência, eles estão despertando para a sua independência, de forma gradual, e compreendendo o mundo à sua volta novamente. “Nessa transição é comum que eles considerem que algumas coisas não precisam ser contadas, como pequenos erros e transgressões”, exemplifica Marta Santín, especialista em psicologia da família.
Por isso, Marta aconselha os pais para que não se tornem rígidos fiscais desse comportamento, estando fechados ao diálogo com os filhos. “Ele ocultam esse tipo de coisa para não se envergonhar ou não nos envergonhar”, diz ela. “Mas não precisamos fazer um drama por causa disso. É preciso ouvir os motivos, ajustar a rota e seguir por um novo caminho”, sugere.
Consequências da mentira nos adolescentes
Muitas vezes, a verdade nos coloca em apuros, enquanto uma significante mentira nos tira deles com extrema facilidade. É o que acontece quando um adolescente diz ao seu pai que passará a noite na casa de um amigo em que os pais confiam, quando na verdade vai dormir na casa de outro amigo, que não é do agrado da família.
“A única forma que temos de quantificar a gravidade de uma mentira são as consequências que ela provoca. Algo comum a todas as mentiras é que elas buscam o benefício próprio”, diz Marta. A mentira é usada para fugir de uma responsabilidades ou para evitar castigos. Mas segundo a psicóloga, os adolescentes geralmente a usam para empregar sua liberdade do jeito que querem e não do jeito que os pais delimitam.
É que a mentira tem um atrativo especial devido à sua capacidade de mudar a realidade. Esse poder da mentira faz com que existam mitômanos que são pessoas que constroem um mundo paralelo sobre as suas próprias falsidades. “O abuso da mentira pode nos fazer perder a referência à verdade e trazer consequências psicóticas. Se utilizamos a mentira a torto e a direito, mesmo que sejam sutis não haverá nada para nos segurar, porque teremos perdido a referência à verdade”, completa.
Mas então, como lidar com essa questão? Marta Santín traz 10 conselhos para pais de adolescentes:
1. Se o seu filho planeja algo que parece ousado demais para a idade dele, reflita com ele sobre a razão pela qual você acredita que isso não é conveniente. Que ele saiba quais são os seus medos e reservas. Não diga simplesmente “não”.
2. Cuide do exemplo que você transmite. Se você diz ao seu filho: “Não diga isso ao papai ou à mamãe”, querendo que ela oculte algo de seu parceiro, estará ensinando ela a mentir.
3. Trabalhe a autoestima. Quanto mais eles sintam segurança consigo mesmos, com mais facilidade lançarão mão de mentiras para se autoafirmar.
4. Ressalte o valor da verdade. Dizer sempre a verdade e ter palavra, faz de nós pessoas nas quais se pode confiar.
5. Ensine a ele que a amizade é incompatível com a mentira.
6. Nunca o rotule nem o chame de mentiroso. Antes, demonstre confiança, porque estamos seguros de que essa não é a sua forma de ser autêntica, mas sim um incidente passageiro.
7. Não maximize o seu erro. Considere cada mentira como uma gafe e convide-o a retificar. Quando ele reconhecer que mentiu, valorize o fato de que tenha reconhecido.
8. Dê confiança para que ele se dê conta de que ganha mais liberdade conforme se pode confiar nele.
9. Assistam juntos a programas que lhes ensinem a detectar mentiras. Os roteiros de muitas séries são construídos a partir de um mal-entendido ou de uma falta de veracidade que se enreda cada vez mais até não haver outro remédio senão dizer a verdade.
10. Castigá-lo ao descobrir uma mentira? Se o castigamos, seu medo se alimenta. É preciso conversar sobre por que ele mentiu, sobre qual é o seu medo. Descobrir uma mentira é uma boa ocasião para começar um diálogo. Não apele ao drama com frases como “você falhou comigo” ou “eu confiava em você”. Faça-o ver o que teria acontecido se ele tivesse dito a verdade. Faça também com que ele veja que descobrir a mentira foi positivo, porque é uma ocasião para renovar a confiança.
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