Que pai não deseja que seus filhos se deem bem, sejam parceiros e amigos? Mas quem tem criança e adolescente em casa sabe que essa tarefa não é muito simples, especialmente porque em algumas idades os conflitos e brigas são quase inevitáveis.
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A razão é quase todo dia a mesma na casa da família Barbosa de Macedo. O filho mais novo da Luana briga com o irmão mais velho por causa de algum brinquedo. “Tem dias que me deixam quase doida”, revela a mãe. A contadora admite que tenta conversar com os dois, mas nem sempre consegue evitar a confusão.
Para Aline Zarzur, pedagoga e educadora parental, o que acontece, na maioria dos casos, é que os pais utilizam as ferramentas erradas para solucionar essas questões. Ela afirma que, normalmente, os pais escutam o barulho e gritam ou utilizam de algum castigo ou punição para que os filhos parem. “Levanto a bandeira de que os pais devem envolver a criança na resolução de problemas”, ensina.
Não dar a solução pronta
Isso quer dizer que, em vez de incentivar que os filhos resolvam o problema, os pais normalmente apresentam uma solução. “Então aquela relação que era para ter dois pilares – os dois filhos – se torna um tripé. Fica um filho, o outro e eu”, diz a pedagoga. O problema é que isso, na opinião de Aline, causa uma dependência e a relação dos filhos não se sustenta sem esse terceiro elemento, que é o adulto.
“Em cada situação a gente deve estimular a criança a resolver o problema. Jogo o problema para o filho. Perguntar como resolver o problema. Escutar mais”, insiste Aline. Ela afirma que é comum que os pais escolham um dos lados, apontando quem tem razão na discussão, deixando de agir com imparcialidade. “É muito mais sobre controlar nossos próprios sentimentos e irritações, colocar de lado e ser imparcial”, orienta.
Mediador de conflitos
A psicóloga clínica, especialista em neuroeducação e também educadora parental, Maeli Ramos de Souza, concorda que a tendência dos pais ou responsáveis é agir como julgador e não mediar a briga. “A minha intenção não pode ser descobrir quem está certo e quem está errado, mas de mediar, conduzir aquele momento”, alerta. O segundo passo é escutar e compreender o sentimento dos envolvidos.
Essas medidas, obviamente, servem para resolver os conflitos quando ocorrerem, mas as especialistas alegam que essas atitudes desenvolvem a habilidade de evitar que novos ocorram. “A gente dá a oportunidade de um entender o sentimento do outro, acessar o pensamento do outro e a empatia”, esclarece Maeli.
Isso tudo, claro, reflete no futuro, também. “O que a gente precisa é construir um repertório para que essa criança seja um adulto que consiga lidar com conflitos que possam existir. É um ensaio para a vida adulta”, informa a psicóloga.
Ciúmes X Tempo de qualidade
Outro aspecto importante levantado por Aline é que por volta dos 2 ou 3 anos de idade as brigas são mais comuns, por isso é essencial, de acordo com a pedagoga, que os pais saibam o que cada fase do desenvolvimento representa, assim como conhecer as crianças. “Às vezes os filhos brigam para chamar a sua atenção. Então o ideal é ter um tempo de qualidade com cada criança”, enfatiza.
Por mais difícil que seja em vários momentos, para resolver, evitar ou apenas diminuir as brigas entre os filhos, o mais importante de tudo, é que os pais mantenham a calma. “Nunca é tarde demais. Nós, como pais, aprendemos com as crianças. Aprendo a me comunicar de forma assertiva sem ofender o outro. Preciso me conhecer para tratar com o outro. Até com o parceiro”, conclui Aline.