Não é segredo para ninguém: não é porque a escola cobra a leitura de alguns livros por ano que as crianças ganham gosto por ler. A competição com outras formas de passar o tempo é acirrada e despertar o amor pela leitura pode não ser tarefa fácil para pais e educadores.
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Mas há algumas estratégias que podem ser usadas – um artigo no site VeryWell Family traz algumas dicas da escritora Sarah Vanbuskirk, da especialista em leitura Heather Mansberger, que tem mais de 25 anos de experiência com esse trabalho em escolas, e da professora Claire Cameron, do Departamento de Aprendizagem da Universidade de Buffalo.
As três chaves
Segundo Heather, três coisas são essenciais para cultivar numa criança o amor pela leitura: curiosidade, exemplo e tempo. Sobre o primeiro tópico, Sarah indica: “Escolha livros que correspondam ao interesse da criança, quer se trate de borboletas, esportes, ferramentas, fadas, sapos ou super-heróis”. É um fator fundamental para promover o engajamento da criança na atividade.
Já sobre o segundo tópico, não é nenhuma surpresa que as crianças tendem a ver a leitura como algo de prazeroso se veem seus pais lendo em seu tempo livre, em vez de enfiar o nariz dentro das telas de smartphones. Dificilmente a leitura será tratada positivamente pelas crianças sem esse exemplo autêntico dos pais. A grande chave está aqui.
Uma vez que existe essa base, são a rotina, a constância e a repetição que transformam a leitura num hábito, segundo Heather, que sugere de 15 a 30 minutos de leitura em voz alta toda noite na hora de dormir. Nas primeiras vezes, é importante manter o hábito mesmo quando não há interesse total da criança, até que essa rotina se consolide. “Ler é como muitas outras atividades: quanto mais alguém a realiza, melhor a realiza, e quanto melhor a realiza, mais gosta de realizá-la”, afirma, por sua vez, Claire.
A leitura em voz alta antes de dormir
Ler com os filhos pode ser a melhor maneira de nutrir o gosto pela leitura: faz com que ela seja uma atividade de conexão, de relação, em vez de algo solitário. “Se o seu objetivo é incentivar o amor pela leitura, não pense no tempo dedicado a essa atividade como um momento de desenvolver capacidades de interpretação. Foque no prazer de ler e escutar histórias”, diz Sarah. “As crianças desenvolverão naturalmente essas habilidades simplesmente se deixando envolver pela leitura”.
Ao ler para crianças pequenas, demorem-se olhando as figuras e conversando sobre elas. Com crianças mais velhas, conversem sobre a leitura: peça um resumo do que aconteceu até aquele ponto da história ou pergunte o que a criança acha que vai acontecer em seguida. Segundo Heather, conversar sobre as histórias fortalece as habilidades de intepretação, o pensamento crítico e o próprio prazer da leitura.
Além disso, se durante a leitura aparece alguma noção que possa soar mais difícil, interrompa-a e converse sobre o tema com a criança. Isso mostra que está tudo bem deixar o livro de lado por um momento para refletir sobre o que se leu – e ajuda a criar conexões entre o texto e a vida.
Até quando?
Heather encoraja os pais a manterem o hábito de ler uma história todas as noites para os filhos até por volta do quinto ano do ensino fundamental – um período delicado, em que a leitura, cada vez mais solitária, pode começar a cheirar a lição de casa.
“Ler para a criança em voz alta permite que ela simplesmente aproveite a história”, diz a especialista, que recomenda ainda que o livro a ser lido com os pais deve ser sempre um pouco mais difícil do que o livro que a criança já lê sozinha. “À medida em que as crianças crescem, pode-se aumentar o tamanho e a complexidade do texto. Isso vai desafiar a imaginação delas e construir seu vocabulário e capacidade de compreensão”.
É a própria criança que vai fazer notar o momento de encerrar esse hábito – que se sente “velha demais” para isso. Mas isso não significa que acaba ali a tarefa dos pais de cultivar a leitura. Fazer da visita à biblioteca uma rotina ou estabelecer um momento em família para partilhar sobre o que cada um lê são hábitos que podem prosseguir na pré-adolescência e na adolescência.