Verbalizar o sentimento de gratidão por algo que a criança fez, para ela vale mais do que gratifica-la com bens materiais| Foto: Alexander Dummer/Pexels
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Assim como as ações negativas do seu filho devem ser repreendidas e corrigidas, as positivas precisam ser valorizadas e recompensadas. “É só pensar: quem é que não gosta de ser reconhecido por algo bom que fez?”, diz a psicóloga Leila Calegari Huscher, do Hospital Pequeno Príncipe. Mas, qual é a melhor maneira de gratificar uma criança sem que ela se torne “interesseira”, ou seja, só se comporte bem esperando algo em troca?

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“Eu recomendo o reforço positivo”, defende Leila, que justifica: “Se no momento que essa criança apresentar um bom comportamento ela receber um estímulo verbal como ‘Parabéns, meu filho, que ótimo trabalho você fez!’ ou ‘Nossa, o papai está muito feliz por você ter feito isso’, provavelmente vá repetir a postura mais vezes atrás de novos elogios”.

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Para a especialista, nada de brinquedos ou privilégios. “O elogio é o caminho mais fácil e mais eficiente nesses casos. No momento em que você elogia, está elevando a autoestima da criança – o que vai ter uma repercussão muito positiva no desenvolvimento dela”, aponta. “Presentes, sim, a tornaram interesseira”, acrescenta.  

Leila também alerta para os cuidados com o chamado “reforço negativo”, um conceito da psicologia comportamental que, em vez de acrescentar uma recompensa, retira um estímulo ruim. “Vamos supor que a mãe ficou chateada porque a filha está muito teimosa. Se a criança perceber que, ao pedir desculpas e prometer que não vai mais agir daquela forma, a mãe mudou de humor e ficou tudo bem, vai passar a se comportar assim toda vez que aprontar e a mãe ficar triste – algo que não é bom”, afirma.

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Análise

Já a psicóloga clínica Angela Zechim Luziano, colaboradora da Comissão de Psicologia na Assistência Social do Conselho de Psicologia do Paraná (CRP), recomenda uma análise da atitude da criança antes de recompensá-la. “Os pais têm que observar qual foi o real objetivo dela ao fazer aquilo. O que realmente a motivou”, evidencia.

Ao explicar a tese, Angela usa o exemplo de um menino de 10 anos que lavou a louça do almoço. “Os pais precisam avaliar se ele lavou a louça porque compreende a importância da contribuição de cada um para a organização da casa ou se só fez aquilo porque a mãe combinou que se ele ajudasse poderia jogar videogame a tarde inteira”, ressalta.

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Caso fique comprovado o ato bem-intencionado, a especialista também é adepta da recompensa verbal. “O pai deve verbalizar, nomear para a criança o que que ele está sentindo por aquilo que ela fez, que ele está alegre, que ficou orgulhoso. Isso tem um valor tão significativo para a criança que acaba sendo mais valioso até do que um prêmio [um passeio, um carrinho ou uma boneca]”, destaca.

Angela aproveita, ainda, para lembrar que sempre que um filho pequeno recebe uma ordem ou uma tarefa, ele precisa ser devidamente orientado e estar ciente do sentido que aquilo tem para o todo. “A família é o primeiro ambiente social da criança. É nela que ela precisa compreender que suas atitudes têm consequências, boas ou ruins”, finaliza.