É só falar em adolescência que a maioria dos pais e mães chegam a ter arrepios. A famigerada fase da rebeldia dos filhos traz inúmeras preocupações para os pais e uma delas é de que os filhos se envolvam e cedam às pressões, principalmente, de más companhias.
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Antes de tudo, é importante que os pais saibam que, apesar da rebeldia e da necessidade de afirmação, os filhos, nessa fase, não são tão inconsequentes quanto parecem. O escritor, psicólogo e palestrante Marcos Meier lembra que, antigamente, acreditava-se que os adolescentes não sabiam medir o perigo das situações e, por isso, cediam facilmente às pressões dos colegas, aceitando correr até mesmo sérios riscos. Mas hoje, descobriu-se que isso não é verdade.
“Ele sabe muito bem o perigo que está correndo”, afirma Meier. Segundo o psicólogo, o ganho emocional de ter cumprido um desafio e de ter visto a admiração dos colegas, do grupo a que ele pertence ou quer pertencer, é tão grande que move o adolescente a aceitar essa pressão. “Então, não é que ele não mede o perigo, ele mede muito bem, mas ele se delicia com a admiração do grupo”, comenta.
Meier ainda salienta que isso acontece porque um dos principais fatores da saúde emocional é o sentimento de pertença. “E aí, é muito fácil de perceber isso. Se ele se sente pertencendo ao grupo, ele topa”.
O que os pais podem fazer?
Entretanto, não é só porque todo esse cenário é algo natural nessa etapa da vida dos filhos que os pais não podem fazer nada a respeito. O primeiro passo, de acordo com o especialista, é mostrar para o adolescente que ele não precisa ter somente a admiração do grupo a que ele quer pertencer, mas que também pode ter a admiração dos pais, dos professores, de outras pessoas queridas e que isso é bastante positivo. “Isso não funciona muito, mas é bom que ele saiba”, comenta, bem-humorado, o escritor.
Mas o mais importante – e que precisa estar claro para os pais – é saber que o que faz uma pessoa não ceder a pressões é a sua personalidade, a sua força interior. E, segundo Meier, isso pode, sim, ser desenvolvido ainda na infância dos filhos. “Muitos pais colocam tantas regras, tantos limites e exigem tanto da criança que ela só aprende a dizer ‘sim’, ‘está bem, eu vou’, ‘está bem, eu faço’”, observa. “E aí, acontece exatamente isso, a criança não desenvolve a capacidade de se opor”.
Então, se os pais querem que o filho tenha personalidade e saiba se opor quando necessário, a dica do psicólogo é ensiná-lo desde pequeno a ter opinião, a discutir com os pais, “não com desrespeito, mas para mostrar sua opinião”. Quando a criança ou o adolescente é ouvido com carinho pelos pais, ele aprende que sua opinião é importante e, assim, desenvolve uma força que o capacita para saber se posicionar perante qualquer grupo.
Outras influências
Além disso, há ainda outros tipos de pressão que todo adolescente está sujeito a sofrer. No mundo atual, não há dúvidas que a principal delas vem das mídias e redes sociais. Vidas, corpos, produtos, relacionamentos. Tudo no mundo da internet parece perfeito. Sobreviver a esses tipos de influências, que podem ser muito maléficas, também exige personalidade e, principalmente, exemplo dentro de casa.
“O que a gente precisa fazer é mudar nossos hábitos para que os adolescentes percebam desde pequenos que não precisam cair nessa armadilha das redes sociais”, afirma Meier. “O filho percebe nas atitudes da família o que é importante. Se a gente está o tempo todo valorizando compras, marcas, falando dos famosos, os filhos vão percebendo que essas coisas são importantes”.
Portanto, é tarefa dos pais estarem sempre atentos não só aos hábitos dos filhos, mas também aos seus próprios costumes. Isso porque, segundo o psicólogo, o mau exemplo dentro de casa pode servir de motor para que a criança ou o adolescente acredite que o que se vê nas mídias podem e dever influenciar suas vidas.