Respeito é bom e, mais do que gostar, todo mundo merece. E respeitar o próximo, sem preconceitos, é algo que deve ser aprendido ainda na infância, período importante para a formação do caráter do futuro adulto.
O preconceito, como explica Fabiane Lopes Oliveira, mestre e doutora em educação e professora do curso de Pedagogia e Licenciaturas na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), é algo inerente à sociedade. Mas uma criança que ainda está formando seu caráter e descobrindo o mundo à sua volta, não tem a capacidade plena de compreender diferentes pensamentos e visões de mundo.
Diante disso, segundo ela, cabe ao adulto ser capaz de aceitar essas questões e de maneira natural passar às crianças. Isso se faz pelo exemplo, mais do que com palavras, porque para os pequenos uma ação vale muito mais. “O exemplo dos adultos é altamente influenciador. Para que o respeito seja algo presente, o pensamento e a visão de mundo precisam ser demonstradas, vividas e compartilhadas”, destaca.
A psicopedagoga Nathalia Pontes, especialista em Pesquisa & Desenvolvimento Educacional na PlayKids, reforça esse pensamento, ao mostrar que o preconceito é construído socialmente, ao longo das interações. Então, quando a criança se depara com alguém que possui características específicas que ainda não tinha visto, observado ou comentado, os pais podem ressaltar essas diferenças para explorar as diferentes culturas existentes no mundo.
“É um modo de despertar a curiosidade dessa criança para conhecer novas pessoas, novos lugares e novas crenças”, observa Nathalia. Ela aponta, ainda, que o aprendizado começa na família – diferenciar os gostos, escolhas e características individuais e enfatizar como elas são importantes em conjunto é uma forma de ensinar a respeitar as diferenças e como elas podem se complementar.
Na prática
Como as crianças são esponjas que absorvem tudo o que lhes é apresentado, as especialistas dão dicas práticas de como ensinar os pequenos a adotarem práticas preconceituosas:
- O discurso e a atitude dos pais devem ser coerentes. É preciso ter uma forma cordial e socialmente aceita de agir, sempre respeitando o próximo, na convivência em sociedade.
- Ensinar que cada pessoa é um de um jeito, com características físicas, pessoais, particularidades e preferências únicas, e deve ser respeitada.
- Demonstrar animosidade para com o diferente, com relação à raça, cor, religião e condição socioeconômica, não desmerecendo ninguém pela sua condição.
- Reforçar quão importante é ouvir e respeitar o posicionamento das pessoas. O respeito a opinião dada pelo pai, pela mãe ou pelos irmãos, mesmo que não sejam concordantes, precisa ser considerado. Da mesma forma, a criança precisa ser ouvida. Demonstrar isso dentro de casa facilita o seu entendimento quando estiver em outro ambiente social.
- Diálogo é essencial e cada oportunidade deve ser aproveitada. Se a criança comenta que um colega é “chato” ou “diferente”, por exemplo, os pais podem explicar que o respeito vem antes de qualquer preferência.
- Durante as brincadeiras é possível ensinar a respeitar o outro quando ele não quiser brincar com o que foi proposto.
- Ao separar itens para doação, a criança pode participar ativamente do processo para compreender que é possível ajudar os que necessitam sem menosprezá-los.
- As crianças não devem ser ameaçadas com tipo folclóricos, como homem do saco ou barbudo, pois elas acabam estereotipando as outras pessoas.
- Quanto maior a exposição ao mundo, com mais naturalidade a criança irá encarar o que é diferente. Visitar exposições, parques, caminhar pela cidade e apresentar diferentes países, realidades e culturas é fundamental.