As interações com o meio servem de grande estímulo para a aprendizagem das crianças. É por isso que a escola é tão importante para o desenvolvimento cognitivo. Um ambiente adequado, com mesas e cadeiras apropriadas, brinquedos e, principalmente, o convívio com outras crianças, servem de combustível para que possam adquirir e reter conhecimento. Neste ano, com pandemia do novo coronavírus e as aulas virtuais, é inegável que o aprendizado ficou comprometido em vários aspectos.
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Para Hélio Werniski Wolff, professor de educação infantil, aprender passa pelo corpo e, mais ainda, pelas emoções. “Memória afetiva, comunicação, oratória e fala são muito exercitadas no convívio com os colegas”, afirma. De acordo com ele, esses últimos meses têm sido um desafio para mestres, alunos e pais. “Nas aulas online precisamos contar muito com a ajuda dos pais, que precisaram de mais presença de qualidade com os filhos, mas ainda assim tivemos muitas perdas na aprendizagem”, avalia o professor.
A diretora pedagógica do Sistema Positivo de Ensino, Acedriana Vicente Vogel, também defende que a escola permite socialização, estimulando o desenvolvimento de empatia, cooperação e competências para o exercício da cidadania. “É com nossos pares que aprendemos a lidar com as frustrações, a negociar os limites, defender e ceder espaços. Sem isso, é muito complexo entender, por exemplo, que a liberdade tem uma relação direta com a responsabilidade”, diz Acedriana.
Falta de rotina
Ser privado do dia a dia com os colegas reduz esse sentimento do coletivo, segundo a pedagoga. A falta de rotina é outro ponto negativo dessa pandemia. Organizar o tempo é uma estratégia pedagógica que, ao longo de 2020, também foi muito diferente do indicado para as crianças. “Rotinas coletivas, em sala de aula, são muito educativas porque permitem aprender os tempos. Há um tempo para brincar, para se concentrar, para fazer o que se gosta e, especialmente, o que não se gosta”, ensina Acedriana.
Tempo demais na frente das telas
Ficar tempo demais exposto às telas também não é positivo. “A Organização Mundial de Saúde defende que até os 3 anos de idade as crianças não tenham contato com esses aparelhos eletrônicos, mas esse ano foi impossível”, avalia Hélio. O professor revela que nas aulas online teve, em média, turmas com cerca de 20 alunos, mas que de outubro pra cá, não tem conseguido manter essa frequência. “Eles começaram a ficar muito cansados de ficar na frente da tela”, conta.
Falta de proximidade com o professor
A falta do olho no olho, desse contato próximo com o professor, fica longe do ideal quando as aulas ocorrem à distância. “Por mais que o professor procure engajar seus alunos, os pontos de distração são inúmeros”, destaca Acedriana. E quando lembramos das câmeras fechadas, a situação é ainda pior. “Quando perdemos o alcance dos olhos, perdemos a janela para coração”, lamenta ela.
Diante de tantas frustrações, Hélio acredita ser possível retomar, com responsabilidade, as aulas presenciais. “Vamos ter que trabalhar muito o emocional das crianças. As perdas foram muitas. Adaptaremos várias brincadeiras mas elas precisam estar com o corpo em movimento nesse ambiente escolar”, conclui.