Se a realidade atual é o novo normal ainda é difícil saber, mas é um fato que o mundo virtual se fez presente e, nas escolas, pelo menos por enquanto, faz parte do dia a dia dos alunos. As aulas a distância deixaram – e ainda deixam – pais de cabelos em pé, mas não dá pra tornar essa modalidade de ensino um bicho de sete cabeças. Há educadores, inclusive, que acreditam ser possível potencializar o aprendizado nesse momento.
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Paciência é uma virtude bem relativa em tempos de pandemia. Estão todos cansados e quem tem filho em idade escolar sente bastante as mudanças impostas pelo coronavírus. Só que as escolas precisaram, também, se adaptar. Carolina Paschoal, pedagoga e diretora da Escola Pedro Apóstolo, em Curitiba, explica que as transformações não ocorreram só na casa das famílias, foi preciso aprender um novo jeito de ensinar.
Aprendizado em conjunto
“Tudo que é novo gera questões desafiadoras e, até então, ninguém pensava em aula a distancia para crianças”, analisa a pedagoga, que completa: “Aprendemos junto com os pais e com os alunos”. Superada a decisão de disponibilizar aulas online, a pedagoga conta que, ao se colocar no lugar dos pais, o primeiro desafio que gerou angústia era não ter um computador para cada pessoa da família nas casas. Então tudo foi pensado para facilitar a vida nessa nova modalidade de ensino. No caso da Escola Pedro Apóstolo, um aplicativo foi criado para que os alunos pudessem acessar conteúdos de qualquer dispositivo eletrônico com acesso a internet.
Carolina chama a atenção para o apoio da escola, fundamental quando ainda restam dúvidas após a aula ou na hora de fazer exercícios indicados pelos professores. “O laço entre família e escola nunca foi tão importante”, enfatiza. De acordo com ela, a primeira coisa é que os pais procurem a escola para prestar qualquer tipo de ajuda aos filhos. Ela dá outra dica: a internet oferece várias opções de aulas e professores que podem tirar dúvidas que ficaram.
Para Rafaella Borsatti, professora de matemática do Colégio Stella Maris, em Curitiba, a grande questão foi a dificuldade dos pais, que não tiveram a tecnologia como ferramenta de ensino na infância. O lado positivo, de acordo com ela, é que isso traz diversos recursos que podem facilitar o ensino e até estimular os estudantes. “A sala de aula passou a ser tecnológica. É um ambiente motivador porque podemos usar jogos, vídeos, aplicativos e imagens”, reforça ela.
Empatia
Mais do que compreender que as crianças também sentem falta da vida antes da pandemia, Rafaella ressalta a importância de incentivar os filhos e assumir esse compromisso com a educação deles. Carolina também alerta para a necessidade de não alarmar demais a família e comunicar a ansiedade com cuidado para as crianças.
Ana Claudia Panizzi Astrissi, gerente administrativo e mãe de um casal, conta que a inquietação e a falta de atividades físicas fizeram com que o filho mais velho ganhasse peso, mas a preocupação foi com a pequena, que estava na fase de alfabetização. “O mais velho, no quinto ano, já tem noção das responsabilidades. Para a pequena, preciso ver o cronograma, me preparar para as aulas”, aponta. Foi uma correria e mudança geral de rotina, mas com o fim de tudo isso ainda longe, é preciso se acostumar.
“Temos que ter perseverança e não podemos desistir”, recomenda Ana Claudia. Ela lembra que, apesar de todos os transtornos e dificuldades, as crianças têm uma facilidade maior de adaptação então com paciência, é possível fazer dar certo. Apesar de não poder romantizar essa fase, Rafaella aponta um aspecto positivo dessa nova modalidade: uma maior aproximação entre pais e filhos. Ana Claudia confirma e conclui: “A gente teve que reaprender para poder ensinar então com certeza e gente ficou bem mais próximo e aprendeu a ser mais compreensivo”.