Desde cedo, os três filhos do professor aposentado Jeferson Bueno Sant'Ana aprenderam a valorizar o dinheiro que recebiam, a gastar com cautela e a poupar para usar mais tarde. “Então, quando chegaram à adolescência, já eram bem controlados nessa questão financeira”, conta o curitibano de 60 anos, que até se surpreende com algumas atitudes deles.
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“Fui dar um valor para o meu caçula comprar o presente para sua namorada esses dias, e ele disse que não precisava porque já tinha o dinheirinho guardado”, relata o aposentado, orgulhoso. Além disso, a segunda filha concluiu o curso de Direito com um artigo a respeito de economias digitais, enquanto a primogênita também utiliza lições aprendidas em casa para atuar com comércio exterior. Sem contar que “até hoje ela fala para eu não dar vazão ao consumismo desenfreado”, brinca.
Segundo ele, o segredo para essa educação financeira saudável foi mostrar aos filhos a importância da moderação e de como eles poderiam contribuir com o aumento ou redução nos gastos domésticos com eletricidade, água e alimentação, por exemplo. “Além disso, ensinamos que eles sempre deveriam ajudar outras pessoas e amar a Deus acima de tudo”, conta o professor, citando como isso foi essencial para evitar a criação de adolescentes mesquinhos ou avarentos.
De acordo com Luciana Brites, fundadora do Instituto Neurosaber – que compartilha conhecimento sobre desenvolvimento na infância e adolescência – , as ações citadas pelo professor curitibano são algumas das iniciativas que ajudam os adolescentes a se relacionarem de maneira saudável com o dinheiro e a crescerem como indivíduos. “Isso porque a educação financeira influencia em diversas questões da vida, como nas relações com pessoas, trabalho e na autorregulação ao abrir mão de algo agora para ter depois”.
Assim, ela afirma que estimular o adolescente a poupar e a participar das finanças da casa evita que ele se torne um adulto consumista e que não valorize o que tem. “Inclusive, é possível fazer contas com ele para mostrar quanto é investido em cada atividade que realiza”, sugere Luciana, ao orientar que a família anote em uma caderneta os gastos que tem por dia, semana e ano.
Além disso, a tradicional “mesada” entregue aos filhos deve ter regras para que possa funcionar. “Não adianta simplesmente dar dinheiro ao adolescente, mas estipular um combinado entre vocês com atividades para serem desempenhadas”. Além disso, é importante que essas atividades envolvam situações prazerosas, como levar o cachorro para passear, e outras que nem sempre chamam tanta atenção. “Dessa forma, o trabalho não precisa ser só ‘chato’ ou ‘só para ganhar dinheiro’, mas uma forma de contribuir com o bem estar de toda a família”, finaliza Luciana.