Se não há controle nos gastos e a família vive endividada, a tendência é que os filhos se tornem financeiramente desorganizados.| Foto: Bigstock
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Educação financeira é tão importante quanto a educação formal, mas não é uma prática muito comum entre os brasileiros, em geral. Não tem manual nem fórmula exata para ensinar alguém a poupar, mas uma coisa é certa: começar cedo, em casa, já é um bom começo. Só que em um mundo tão conectado, que muda o tempo todo, também é essencial acompanhar e aceitar novas possibilidades de ganhar e fazer dinheiro.

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Laduir Pinelli, consultor e educador financeiro, acredita que os pais têm papel fundamental na forma como os filhos se relacionam com dinheiro. Para ele se não há controle nos gastos e a família fica comumente endividada, a tendência é que os filhos se tornem adultos financeiramente desorganizados.

A melhor forma para criar um hábito saudável, de acordo com o especialista, é oferecer mesada para os filhos já bem pequenos porque assim eles aprendem a fazer escolhas. “A criança vai aprendendo que o dinheiro vem do trabalho, não cai do céu. E que serve para comprar coisas e satisfazer nosso desejo também”, diz ele.

Pinelli ainda vai além e diz que é preciso ensinar as crianças a dividir esse valor em três partes iguais.  A primeira parte vai para o dia a dia, como o lanche da escola. A segunda, para ir juntando e comprar algo um pouco mais caro. E a terceira é o que ele chama de baú do tesouro, um valor que será acessado no futuro, a longo prazo.

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Foi mais ou menos assim que professor universitário aposentado e consultor Eli Marques educou os filhos dele. Ele separava 10% do que ganhava para gastar com as férias, 40% para as despesas comuns e 50% era poupado. O exemplo deu certo. “Hoje eles são casados e minhas noras dizem que a saúde financeira deles é muito boa porque gerou a certeza de uma vida tranquila”, revela.

Só que com a maioria não é bem assim que acontece. E quando a pessoa começa a ganhar algum dinheiro, logo sai gastando sem fazer muitas contas. Por isso Fernando Vargas, consultor pedagógico da Conquista Solução Educacional defende que educação financeira seja uma disciplina da base comum curricular nas escolas.

Vargas destaca, ainda, que muitos pais que hoje têm filhos adultos viveram a fase de hiperinflação entre os anos de 1980 e 1990, com mudanças diárias nas prateleiras do mercado. Essa situação fez com que muitos desenvolvessem um perfil mais conservador, de acordo com ele. “Poupança é muito do imaginário dessa geração que se apavorava com o aumento de preços”, reforça.

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Só que as constantes mudanças ao longo dos anos, especialmente nessa era digital, em que a internet permitiu inúmeras possibilidades, devem ser acompanhadas e absorvidas por todos que desejam investir. “Hoje você tem investimentos diversos, muito além da poupança, que são conservadores também. Não dá para depender só do que o banco oferece”, orienta.

L Pinelli concorda que diversificar é preciso. “O brasileiro é acostumado com a caderneta de poupança e a poupança hoje não consegue bater a inflação”, alerta. Ele insiste que é preciso estar aberto a novas possibilidades até porque, no futuro, quando os filhos atingirem a vida adulta, provavelmente a forma de ganhar dinheiro profissionalmente será diferente de tudo que é vivenciado hoje.

Poupar precisa ser um projeto e um estilo de vida, independentemente de como isso acontecerá. E um hábito que Vargas ressalta que não precisa mudar é o de economizar. “A família pode ser conservadora nos gastos domésticos. Sempre vai ser um bom negócio economizar luz, água, telefone. Só que hoje a diversidade do mundo conectado exige conhecimento”, conclui.