Bebês nascidos na pandemia têm quase o dobro de risco de atraso no desenvolvimento em habilidades sociais e comunicativas.| Foto: Stephen Andrews/Unsplash
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Normalmente, cerca de uma em cada seis crianças apresenta um atraso no desenvolvimento. Mas as crianças nascidas durante a pandemia, segundo um estudo de 2022, têm quase o dobro do risco de atraso no desenvolvimento em habilidades sociais e comunicativas em comparação com os bebês nascidos antes da pandemia. O motivo, acreditam alguns pesquisadores, está relacionado à menor interação com outras crianças, entre outros fatores.

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Atrasos na comunicação significam que a criança pode aprender a falar mais tarde, ou falar menos ou, ainda, usar gestos como apontar em vez de falar. Já um atraso no desenvolvimento social pode se manifestar quando uma criança não responde ao seu nome quando chamada, não olha para o que os adultos estão prestando atenção no ambiente ou não brinca com outras crianças ou com adultos de confiança.

É difícil dizer se esses atrasos podem ser solucionados ou se essas crianças precisarão de serviços contínuos de atenção ou de educação especial na escola primária e mesmo depois dela. Quanto mais grave o atraso no desenvolvimento, maior a probabilidade de a criança precisar de serviços especializados contínuos.

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Uma maneira de ter mais certeza é perguntar ao pediatra se a criança está atendendo a certos padrões de desenvolvimento. Enquanto isso, os pais e os professores podem estimular o desenvolvimento da linguagem de crianças que podem sofrer atrasos, proporcionando interações e conversas ricas e responsivas.

Como pesquisadora especializada em habilidades de linguagem e alfabetização para crianças pequenas com dificuldades de aprendizagem, ofereço aqui cinco estratégias baseadas em evidências que pais e professores de crianças que se encaixam nesse quadro podem usar para apoiar o desenvolvimento das suas habilidades linguísticas e a melhora do seu rendimento escolar.

1. Crie oportunidades para as crianças falarem

A linguagem é o meio com o qual compartilhamos experiências. No entanto, crianças com atrasos no desenvolvimento podem não falar muito. Os adultos podem criar oportunidades para conversar, o que ajuda as crianças a desenvolver a capacidade de se comunicar e interagir com os outros.

Uma forma de fazer isso é criar situações em que a criança tenha que falar para conseguir algo que deseja. Por exemplo, em casa, coloque um brinquedo ou lanche favorito em um saco transparente selado ou em um recipiente de plástico para que a criança possa ver o item, mas não possa pegá-lo sem pedir ajuda. Na pré-escola ou na creche, durante a hora do lanche ou do recreio, dê ao aluno duas opções e peça-lhe que diga qual delas quer. Para crianças cuja fala é difícil de entender, qualquer barulho ou tentativa de falar é um bom sinal. O que importa é que elas estejam tentando falar, não que as palavras saiam perfeitamente. Se a fala da criança for ininteligível, peça-lhe que aponte e fale ao mesmo tempo para mostrar sua escolha.

2. Expanda o repertório das crianças

Fornecer uma linguagem rica é fundamental para apoiar o desenvolvimento da linguagem de crianças com atrasos.

Uma maneira de fazer isso é respondendo ao que a criança diz e, em seguida, acrescentando detalhes ou adjetivos. Por exemplo, se uma criança vê um cachorro e exclama: “Au-au!”, um adulto pode expandir esse discurso dizendo: “Sim! É um cachorro grande e marrom!” O adulto está reconhecendo o que a criança disse e fornecendo mais repertório para a criança ouvir e reagir enquanto compartilham a experiência de ver o cachorro.

3. Seja um parceiro de conversa caloroso e atencioso

Quando os adultos proporcionam interações carinhosas, estimulantes, as crianças passam a ter melhores habilidades linguísticas na pré-escola, melhor vocabulário e capacidade de leitura na primeira série e melhor desempenho matemático na terceira série.

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Ser uma presença que apoia significa deixar-se guiar pela criança e não dizer sempre à criança o que fazer. Por exemplo, brinque com os brinquedos que a criança escolheu ou represente cenários de faz de conta que a criança criou. Durante a conversa, fale diretamente com a criança sobre um tema que ela escolheu e alternem-se nas falas. Não se preocupe em corrigir a criança ou orientar a interação. Tudo bem se vocês já conversaram sobre o cachorro do outro lado da rua mil vezes. Cada interação constrói novas habilidades linguísticas. Mantenha-se positivo e atento.

4. Compartilhem um livro

A leitura compartilhada de livros é uma técnica em que o adulto envolve ativamente a criança na experiência de contar histórias. As crianças que participam da leitura frequente de livros compartilhados têm vocabulários maiores, usam uma linguagem mais complexa e têm melhor compreensão de leitura nas séries posteriores.

Comece fazendo perguntas abertas como: “O que você acha que vai acontecer a seguir?” Converse com a criança sobre suas experiências da vida real semelhantes às do livro, como: “Lembra quando fomos ao parque? O que fizemos lá?”

Aponte palavras e letras enquanto lê em voz alta para ajudar as crianças a desenvolver sua consciência da linguagem escrita. Fale sobre palavras interessantes na história e identifique novas palavras. As crianças geralmente gostam de ler o mesmo livro várias vezes, então haverá muitas oportunidades de usar essas estratégias durante a hora da contação de histórias. Não se preocupe em usá-las todos de uma só vez.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]

5. Fale sobre palavras

Ajude as crianças a desenvolver uma melhor consciência da conexão entre as palavras escritas e como elas soam. Esta é uma habilidade importante que desenvolve a leitura e a escrita.

Bata palmas ou conte sílabas em palavras, como “a-ba-ca-xi” ou “bor-bo-le-ta”. Recitem rimas infantis e peça à criança que diga quais palavras rimam ou que invente outras palavras que rimem. Fale sobre os sons que você ouve no início ou no final das palavras, como o som “g” em “gato” ou o “m” em “jardim”. As crianças estão aprendendo lentamente que a linguagem falada é composta de palavras e sons que podem ser representados por letras escritas. Esse conhecimento é a porta de entrada para aprender a ler e escrever.

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*Abigail A. Allen é professora de Educação Especial na Clemson University

© 2022 The Conversation. Publicado com permissão. Original em inglês.