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Pode ficar tranquilo, porque estamos perdoados. Quem nunca deu palpite na criação dos filhos dos outros e depois mordeu a língua ao ter seus próprios rebentos que atire a primeira pedra. Chega a ser engraçado o quanto nós achamos que sabemos sobre criação dos filhos antes de termos os nossos. Mas agora, com nossos pequenos correndo pela casa, nos resta olhar para o passado, relaxar e dar risada daquilo que costumávamos dizer:
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- “Disciplinar os filhos não é nenhum quebra-cabeça. É só ser firme”
É verdade que ser firme é importante. Mas esse “só” é o calcanhar-de-aquiles dessa frase. E é onde o fim da frase entra em contradição com o início, porque o fato é que é difícil ser firme. É algo que requer muito esforço. É preciso engolir o cansaço ou o dó e evitar as armadilhas – aqueles momentos em que ser mais mole vai resolver o problema em um curto prazo, mas vai piorar as coisas no médio prazo. É verdade: disciplina requer firmeza – mas às vezes perdemos e às vezes ganhamos esse jogo. - “Ah, meu filho vai me respeitar, senão...”
Ok, pode até ser que consigamos forçar nossos filhos a agir com respeito conosco, ameaçando com algum castigo. Mas e o respeito de verdade, que vem de dentro? Isso a gente conquista. É preciso cultivar essa qualidade na relação entre pais e filhos. Eles precisam ver que ajo de forma coerente com o que digo. Eles precisam me ver como um modelo de respeito aos outros, desde a forma como o casal trata um ao outro até a forma como trata parentes, amigos e desconhecidos. - “Quando tivermos filhos, eles vão comer o que tem ou vão passar fome”
Como ideal, essa afirmação tem seu valor. Mas na vida real, a coisa é mais complicada. A vida é corrida e nem sempre cuidamos direito da nossa alimentação. Oferecer opções apropriadas aos nossos filhos para justificar essa regra não é possível todos os dias. Além do mais, tem o cansaço: será que vale a pena brigar com meu filho agora por causa de comida se daqui a pouco já vou ter que brigar por causa da lição de casa? Nem sempre a guerra da comida é a guerra que vale a pena ser vencida, às custas do nosso relacionamento com nossos filhos. - “É só ver como uma criança age que dá para dizer muito sobre os pais dela”
É verdade: nós, pais, temos um impacto enorme sobre os nossos filhos. Mas eles, ainda assim, não são nós. Cada pessoa tem uma personalidade distinta, com suas qualidades e suas fraquezas. Às vezes, certos traços da personalidade de um filho são surpreendentes para os pais, porque não parecem ter sido herdados ou copiados. Mesmo pais que fazem tudo certinho podem ter uma criança difícil. Assim como há crianças maravilhosas cuja família é uma bagunça. - “Eu é que vou dizer de quem meu filho pode ou não pode ser amigo”
Os amigos são, de fato, importantíssimos na vida de nossos filhos. Mas quanto mais eles crescem, mais difícil será para os pais gerenciar todos os aspectos da sua vida. Ok, você pode até limitar o tempo que eles ficam com certos amigos, mas você não pode forçá-los a ter uma conexão com as crianças que você quer. A química da amizade não funciona assim. Crianças e adolescentes não vão se relacionar bem com outras crianças e adolescentes quando o santo não bate. O que os pais podem fazer? De forma muito suave, facilitar que os filhos participem de ambientes onde pode ser mais comum encontrar boas influências. Mas nem isso é garantido. Ou a educação que lhes damos ajuda-os a ser responsáveis consigo mesmos ou não há saída.
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