Arquivo Pessoal| Foto:

Mãe por adoção de sete filhos e biológica de mais três, Vilma Cordeiro, de 65 anos, é a prova de que “em coração de mãe, sempre cabe mais um”. Isso porque, ainda neste ano, ela pretende adotar mais seis. Os primeiros foram casos de adoção tardia e são todos irmãos. Estes que vêm agora também são da mesma família, mas têm entre seis e oito anos. Vilma tem ainda 10 netos.

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Em adoção tardia, casal fica com quatro irmãos para mantê-los unidos

Quem olha para essa grande família, não imagina que a matriarca, que hoje é uma empreendedora, já fez das ruas sua morada e não tinha qualquer perspectiva de vida. Em 1984, vítima de violência doméstica, Vilma decidiu sair de casa com duas crianças pequenas, depois de apanhar inúmeras vezes do ex-marido. Natural de Curitiba, por seis anos, ela morou nas ruas de grandes cidades do país até voltar à capital paranaense e passar a viver em um dos cartões postais da cidade, a Praça do Japão.

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Ali, ela e as crianças enfrentaram o frio e o álcool tornou-se um companheiro constante e também um pesadelo. “A dependência química me fez viver miseravelmente nas ruas. Me sujeitei a muitas coisas para ajudar meus filhos naquela época”. Mas sua história começou a mudar quando alguém lhe estendeu a mão.

O amor transforma

Viciada e perambulando pelas ruas, Vilma havia perdido tudo, inclusive a fé. Tempos depois um de seus filhos foi assassinado. Foi em meio a tudo isso, que Josias apareceu e fez um convite que fez com que ela mudasse o rumo de sua vida. “Ele passava todos os dias na praça para dar algo aos meus filhos, como uma fruta ou lanche”, lembra. “Ele me fez um convite para irmos a um evento de uma igreja e lá fomos muito bem recebidos. Comecei a frequentar os cultos e aos poucos recuperei minha dignidade”.

Vilma foi encaminhada a uma chácara para reabilitação, onde ficou com seus filhos. Quatro anos mais tarde, os caminhos dela e de Josias voltaram a se cruzar e eles então se casaram. Da união nasceu um filho. Pouco tempo depois dois sobrinhos ficaram órfãos e ela, lembrando da chance que teve de reconstruir a vida, adotou as crianças. Grata por tudo o que havia recebido, agora cabeleireira, ela começou um trabalho social em educandários e conheceu seus cinco filhos adotivos.

Como preparar as crianças para a chegada do filho adotivo

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“Aquele amor que sempre tive, quando os vi se multiplicou. Me aproximei primeiramente das duas meninas e pedi para leva-las aos fins de semana para minha casa”, diz. “Depois do processo de adaptação consegui a guarda definitiva delas. Quando fui ao Fórum soube que havia mais três meninos, irmãos delas, e não pude separá-los”. O casal acabou adotando os cinco.

Agora, com os filhos já casados, Vilma e Josias se preparam para encher a casa novamente. Há alguns meses, durante um dos trabalhos sociais que ela faz, eles conheceram um grupo de irmãos que foram abandonadas pelos pais e vivem em um abrigo em Quitandinha, na Região Metropolitana de Curitiba. Assim como da primeira vez, o coração de Vilma bateu mais forte. “Eles estão sedentos de amor, não podem ser separados. Estou trabalhando para adotá-los”, explica Vilma. Uma das crianças tem uma deficiência física.

De moradora de rua a empreendedora

Após a adoção dos cinco filhos, Vilma e Josias abriram o Centro Técnico Vitória, uma escola de cabeleireiros localizada em São José dos Pinhais, outra cidade da Região Metropolitana de Curitiba. Ela se tornou um grande exemplo aos filhos que seguiram seus passos no mundo dos negócios. Alguns deles têm hoje sua própria empresa. “É gratificante acompanhar o sucesso dos meus filhos, depois de tudo o que já passamos nessa vida”, conta Vilma.

Além de capacitar pessoas para o mercado de trabalho em seu centro técnico, ela continua com o trabalho social, levando uma equipe para cortar o cabelo de crianças e adolescentes em abrigos, e também oferecer cursos na área de beleza. “Poder ajudar esses menores que talvez não tenham alguma perspectiva de vida, como um dia eu não tive é maravilhoso”, vibra. “Sei como é precisar de apoio, de amor, receber carinho e afeto. É isso que tento transmitir em meus cursos e foi o que me motivou a adotar mais crianças”, completa.

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