Ainda gestante, a neozelandesa Cherie Ayrton contratou a fotógrafa Sarah Simmons para retratar em um ensaio os seus gêmeos assim que eles nascessem. Uma notícia triste se abateu sobre a família de Cherie, porém, quando aos cinco meses de gestação ela descobriu que um dos meninos tinha morrido. Cherie, o marido e suas duas filhas passaram por momentos dificílimos, mas depois do parto Sarah teve uma ideia repleta de sensibilidade e delicadeza para eternizar o laço entre os dois irmãos.
Tudo começou quando, em um ultrassom em dezembro de 2017, a família soube da notícia. “A médica disse que iria avaliar um gêmeo por vez. Ela começou pelo Tiger. Ele estava perfeito: saudável, com tamanho bom, coração batendo forte e se mexendo bastante! Em seguida ela foi avaliar o Johnny. Assim que a médica o viu, seu rosto mudou e seus olhos ficaram tristes. Eu sabia que algo não estava bem”, conta a mãe.
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“Ela parou de fazer o ultrassom, olhou para nós e disse: ‘Eu sinto muito’. Essas três palavras partiram o meu coração e mudaram a minha vida para sempre. O coração do Johnny não estava mais batendo e ele estava menor que o Tiger. Meu pior pesadelo tinha acontecido: um dos meus bebês tinha falecido antes mesmo de nascer. Eu me lembro que olhei para a doutora, que também estava grávida, e a vi profundamente triste por nós. Eu lembro que pensei que toda esta situação também deve ter sido horrível para ela”, continua Cherie.
Ela agendou então uma consulta com um especialista para entender o que aconteceria dali para a frente. Ali, não teve respostas sobre a causa da morte de Johnny, mas soube que, como os gêmeos eram bivitelinos, isso não afetaria Tiger, porque cada um tem seu próprio saco gestacional. Cherie deveria, porém, manter Johnny em sua barriga até o fim da gestação, porque tirá-lo arriscaria a vida do seu irmão. Por mais quatro meses, até o parto em maio de 2018, ela carregaria ambos.
“Tive que ver o meu filhinho Johnny se ‘desintegrar’ aos poucos. Primeiro os seus olhinhos, depois seu narizinho e seus lábios, tudo ia ficando mais difícil de ver. Seus dedinhos começaram a se fundir. Então chegou um ponto em que ele perdeu todas as suas características. Foi uma tortura. Eu sofria antes de cada ultrassom porque tinha medo do que iria ver”, recorda Cherie.
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No dia seguinte, o corpo de Johnny foi levado para o crematório. “O meu coração ainda estava em pedaços. Eu me sentia vazia. Eu tinha tido um lindo menino, mas devia ter tido dois! Por que isso aconteceu conosco? Não era justo!”, diz. “A fotógrafa que iria fazer o ensaio dos recém-nascidos me mandou uma mensagem dizendo que tinha uma ideia para fazer uma foto dos irmãozinhos juntos. Ela me perguntou se eu poderia levar as cinzas do Johnny para o ensaio do Tiger e eu aceitei”.
A fotografia de Sarah, em que o pano em que Tiger está envolvido aparece torcido como um cordão umbilical e conectado na outra extremidade às cinzas de Johnny, significou um consolo imenso para a família – e ganhou o prêmio de setembro da organização de fotógrafos Portrait Masters. “Quando a Sarah me mostrou a foto que tinha criado, eu fiquei muito emocionada”, diz a mãe. “Estou muito grata por ter essa foto tão forte e poderosa dos meus meninos juntos. Esta imagem significa muito para nós”.
Irmãzinha
Cherie conta que quando a família recebeu a notícia, o apoio veio de onde era menos esperado. “A doutora saiu da sala e nos deixou a sós, eu, meu marido e nossas filhas, para termos um pouco de privacidade diante daquela notícia terrível”, diz. “Eu tentei me manter forte pelas minhas filhas, mas acabou sendo o oposto. Foi a minha filhinha de 5 anos quem ficou forte por mim. Eu senti que ela estava sofrendo; ela queria muito o irmãozinho. Mas a sua cabecinha estava preocupada comigo”.
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