Assim como com qualquer outra doença do corpo, conversar com os filhos sobre as doenças mentais é necessário, mas, nada fácil, porque ninguém quer expor as crianças a assuntos complicados como depressão e ansiedade. Acontece que, quanto mais cedo você começar a conversar com seu filho sobre saúde mental, mais ele se sentirá à vontade para falar sobre suas próprias preocupações, e o mal poderá ser cortado pela raiz.
Em entrevista ao site Today’s Parent, a promotora de saúde mental na Associação de Saúde Mental do Canadá, Jill Dennison, explica que as crianças devem entender que cuidar bem dessa área da saúde significa ter um equilíbrio na vida, e que esse equilíbrio é diferente para cada um. Ter contato com essas informações enquanto ainda são bem novos pode ajudá-los a reconhecer aquilo que está desequilibrado em suas vidas e, assim, encontrarem seu próprio ritmo.
“A saúde mental afeta a todos nós, não importa a idade. Se temos um cérebro, temos saúde mental e essa é uma boa forma de falar sobre isso com as crianças”, explica Jill sem deixar de orientar que é importante abordar o assunto tratando-o como saúde mental e não doença mental.
Aqui estão algumas dicas de especialistas que podem ajudá-lo a continuar essa conversa.
Traga o assunto à tona
Se você não sabe como começar essa conversa com seu filho e está se sentindo inseguro, encontrar situações relacionadas a isso na vida cotidiana pode ajudá-lo. Um filme que mostra a história de um personagem com desafios de saúde mental pode ser um bom ponto de partida. Na escola, as crianças ouvem brincadeiras com todos os tipos de estereótipos, portanto, se você ouvir seu filho ou seus amigos usando um termo depreciativo como “louco”, use esse momento como uma maneira de começar a conversa. Uma obra de arte que retrata as emoções e cause o interesse de seu filho também é uma ótima oportunidade. Até mesmo um incidente com algum membro da família que tenha algum problema nessa área pode ser usado como uma oportunidade de aprofundar o assunto: comece perguntando como seu filho se sente quanto a isso e, depois, deixe a conversar fluir.
Encontre as palavras certas
Para falar sobre qualquer assunto, você precisa encontrar a linguagem apropriada para a idade de seu filho. Criar a narrativa sobre saúde mental em cima de uma situação próxima é sempre a melhor forma. É importante, também, que as crianças saibam que não existe pergunta estúpida, assim eles não ficarão receosos de falar sobre o assunto. Ouça-os sempre sem nenhum tipo de julgamento e dê a eles a oportunidade de expressar o que estão sentindo.
Encontre maneiras de explicar ao seu filho que uma doença no cérebro não é diferente de uma doença no corpo, como o câncer, por exemplo. Ao fazer essa comparação, as crianças podem entender melhor como um membro da família está passando por uma doença específica e como elas podem ser tratadas e ajudadas para ficarem bem.
Adapte as explicações à sua idade
Nunca é cedo para começar essa conversa, mas é claro que a forma como você irá conversar com seu filho de 13 anos será diferente de como abordará o assunto com seu filho de apenas três. “Não sobrecarregue crianças pequenas com estatísticas e definições”, afirma Jill. Ao falar sobre depressão, por exemplo, você pode explicar a seu filho que todos nós nos sentimos tristes algumas vezes na vida, mas que a depressão é quando essa tristeza começa a interferir na nossa vida diariamente e se torna esmagadora, durando um longo período de tempo. Use palavras que ele compreenda bem, mas não sinta que precisa minimizar nada.
Seja honesto sobre a realidade do suicídio
Quando o pior acontece e um ente querido morre por suicídio, muitos pais sentem o impulso de proteger as crianças dessa notícia. Mas para os especialistas, conversar com calma sobre o ocorrido com as crianças que têm idade suficiente para entender a morte, pode ajudar a minimizar o medo. “Seja honesto sobre o fato de que foi um suicídio, mas deixe claro que a criança não foi responsável e nem poderia ter impedido isso”, alerta Jill. Falar sobre isso abrirá a porta para uma relação positiva de confiança e entendimento entre você e seu filho. Através dessa abertura, ele saberá que você é acessível para falar também sobre as coisas ruins que acontecem e que, principalmente, você estará lá para ajudá-lo.
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