Cinco razões para ser contra o aborto em casos de microcefalia
Diante do aumento de casos de microcefalia e da falta de conhecimento, inclusive médico, o debate sobre a ampliação do aborto legal em casos de más-formações graves volta à cena. Contudo, há muita falta de informação e até algum oportunismo no debate. Entenda porque não há razões que justifiquem o aborto no caso de diagnóstico apontando microcefalia:
1) O diagnóstico nem sempre é confirmado na gestação
O diagnóstico da microcefalia intra-útero é feito quando a medida da circunferência cefálica (CC) é menor que 2 desvios padrões (DP) do limite inferior da curva de normalidade para a idade gestacional, sendo que existem tabelas de comparação para cada idade gestacional. Porém, estas medidas da tabela possuem uma distribuição normal, ou seja, existe uma parcela da população que apesar de ter o perímetro cefálico compatível com valores de microcefalia, não possui nenhuma causa ou comprometimento, apenas a “cabeça pequena”. Há casos de crianças que possuem o perímetro considerado padrão e recebem o diagnóstico após o nascimento.
2) Não é incompatível com a vida
Nos casos da microcefalia, não existe uma situação “incompatível com a vida”, ao contrário, os graus de comprometimento podem ser bastante variáveis.
3) Em muitos casos, é possível ter uma vida normal
Com adequado acompanhamento pré-natal e pós natal, acesso a estimulação precoce (com equipes de profissionais multidisciplinares) estes pacientes podem se desenvolver e ter qualidade de vida. O caso da jornalista Ana Paula Cárceres é um exemplo. Ela nasceu com microcefalia, hoje tem 24 anos, é formada em jornalismo e autora de um blog. As jovens
4) Abortar por microcefalia é um motivo eugênico
É um tipo de aborto preventivo executado em casos em que há suspeita de que a criança possa nascer com defeitos físicos, mentais ou anomalias, implicando em uma técnica artificial de seleção do ser humano. “Isso acaba por ser um insulto a todos os deficientes, como se eles não tivessem a mesma dignidade e os mesmos direitos”, afirma Lenise Garcia, doutora em Microbiologia e professora do Instituto de Biologia da Universidade de Brasília.
5) Abriríamos um precedente para justificar o aborto em outros casos de deficiência
“Ao propor o aborto para estas famílias que receberam o diagnóstico de microcefalia – já tão fragilizadas – apenas afirmamos que em nossa sociedade não temos espaço para aqueles que apresentam limitações”, afirma a médica obstetra Bruna Driessen Pidluznyj.