“Através da minha história quero dar aos outros a esperança e a força para continuar, mesmo quando as coisas parecem impossíveis”. Para poder dizer essa frase com convicção, à BBC, a britânica Laura Worsley, de 35 anos, passou por 13 abortos espontâneos. Hoje, entretanto, celebra junto ao marido, Dave, a vida da pequena Ivy.
O caminho até chegar a maternidade foi cheio de obstáculos. Em 2008, Laura e Dave sofreram com o primeiro aborto espontâneo. Desejosos para terem filhos, eles tentaram mais uma, duas, três vezes. Percebendo que havia algo errado, procuraram médicos que lhes disseram para tentar mais uma vez. A quarta gravidez veio, mais uma vez não deu certo e então eles foram encaminhados ao professor Quenby, no Hospital Universitário de Coventry e na Unidade de Pesquisa Biomédica de Warwickshire, no Reino Unido.
“Não vivo a doença, mas celebro sua vida”, diz mãe sobre filho com metade do coração
Laura foi então diagnosticada com síndrome Antifosfolípide (SAF), que resulta em morte fetal e abortos espontâneos recorrentes. “Nos disseram que uma alta dose de ácido fólico poderia resolver a situação, mas não foi o aconteceu”, lembrou Laura. “Fizemos todos os testes necessários e utilizamos edicamentos variados, mas nada funcionou. Perdemos bebês novamente”.
Diante de tantas tentativas frustradas, Laura já não via esperança em seu caso. Suas gestações não passavam das 12 semanas. “Foram anos de minha vida, tentando ser mãe e apenas pensei um dia: ‘Se não posso ter um bebê, não vejo mais um objetivo em minha vida’”. Até que em 2015, uma gravidez seguiu em frente, mas Graceson não chegou a nascer. Em 2017, mais um facho de esperança veio com Leo, mas a frustração veio novamente.
Após o aborto de Leo, a placenta foi examinada na tentativa de encontrar algum outro problema que impedisse que as gestações de Laura caminhassem para um final feliz. Então, mais testes foram feitos e soube-se que a placenta de Laura tinha Intervillositis Histiocítica Crônica, que faz com que o corpo combata a gravidez.
A última tentativa
Apreensiva com o resultado, Laura hesitou, mas foi encorajada por Quenby, que garantiu já ter tido sucesso com outras mães com essa mesma condição. “Pensei que se houvesse um pouco de esperança, eu teria que tentar novamente. Falei com Dave sobre isso e ele sentiu o mesmo”, contou.
“Rainbow babies”, os bebês que chegam para aliviar a dor dos pais que perderam um filho
Laura então tomou medicamentos para melhorar o revestimento de seu útero e então veio a 14ª gravidez. “Eu disse a mim mesmo que aquela seria a última vez que tentaria”. O casal disse à BBC que a expectativa era baixa e eles não tiveram nem coragem para contar às pessoas próximas sobre mais aquela tentativa.
Foi então que a gravidez passou das 12 semanas, se encaminhou para as 20 e chegou às 30, quando a bolsa rompeu enquanto Laura dormia. Mas Ivy nasceu por meio de uma cesariana e pesando 770 gramas. “Dave a viu primeiro e me mostrou uma foto. Ivy foi levada diretamente a uma incubadora”, contou Laura, que só conseguiu pegar a filha nos braços três dias depois.
Apesar de todas os cuidados que envolviam as primeiras semanas de sua vida, Ivy foi forte. O quadro de saúde da menina progrediu e após 11 semanas ela foi para casa. Hoje essa pequena “rainbow baby” tem nove meses e sua história tem rodado o mundo mostrando às mães já sem esperança, que milagres podem acontecer. “Sempre li sobre o milagre das outras pessoas, mas agora eu tenho a minha”, finalizou Laura.
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