Violência física, psicológica, abuso sexual, dependência química e questões relacionadas as condições socioeconômicas estão entre os motivos que provocam o afastamento de uma criança de sua família de origem. Histórias marcadas por estes acontecimentos fazem parte da rotina da Associação Cristã de Assistência Social – Acridas desde sua fundação, em 1984.
Com o objetivo de assegurar os direitos fundamentais previstos na Constituição Federal Brasileira e no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), a instituição já atendeu mais de duas mil crianças em situação de vulnerabilidade social. Hoje, 60 crianças, com idades entre dois e 12 anos, moram nas seis casas lares da Acridas.
Cada casa lar tem capacidade para atender até 10 crianças. Elas residem na instituição junto com a mãe social, frequentam a escola, participam de atividades como balé, hip hop e natação, tem acesso ao sistema de saúde e lazer. O psicólogo William Rodrigo do Amaral, responsável pela coordenação administrativa e de recursos humanos da Acridas, explica que 48 profissionais se dedicam ao trabalho de acolhimento, incluindo psicólogos, assistentes sociais, mães sociais, auxiliares, pedagogas, psicopedagogas e capelão, além das equipes operacional, administrativa e financeira.
Ao ser questionado sobre qual história foi mais marcante que presenciou em sua trajetória na Acridas, Amaral conta que é difícil escolher uma em especial. “Eu posso dizer que todos os casos de adoção e retorno familiar são muito emocionantes e marcantes. É muito gratificante quando você vê o trabalho da equipe técnica sendo realizado com competência, transparência e fidedignidade ao ponto de reduzir o tempo de acolhimento para um ano ou menos”, conta o psicólogo. “Mas o que mais me emociona é a adoção tardia e de grupos de irmãos, pois normalmente estas crianças não fazem parte do perfil preferido pelos pretendentes a adoção. Aqui já tivemos um caso de adoção de um grupo de cinco irmãos e é uma história comovente”.
Família acolhedora
Além do acolhimento institucional, a Acridas, em parceria com a Fundação de Ação Social (FAS), passou a ter o programa Família Acolhedora em novembro do ano passado. Famílias que têm interesse em acolher uma criança provisoriamente e que atendam aos requisitos exigidos podem fazer parte do programa.
Quem deseja participar do programa deve fazer a capacitação realizada pela própria instituição, ser maior de 21 anos de idade, ter uma diferença de pelo menos 15 anos em relação a criança que será acolhida e não ter interesse em adoção. “Nesta modalidade a criança vai para a casa da família por no máximo 18 meses. Comparado ao acolhimento institucional, esta opção é muito melhor para o desenvolvimento cognitivo, emocional e psicológico por ter uma estrutura física melhor e oferecer um atendimento mais individualizado”, assegura o psicólogo.
Durante o acolhimento temporário, são feitas visitas da equipe técnica ao lar em que a criança está para a elaboração de relatórios que irão sustentar as decisões judiciais referentes ao retorno à família de origem ou a destituição do poder familiar, necessário para possibilitar o processo de adoção. “A gente acredita que o Família Acolhedora irá se sobrepor ao acolhimento institucional daqui a cinco, 10 anos”, destaca Amaral. “Isso deve acontecer pelo fato de que neste programa há a possibilidade de uma convivência familiar e não simplesmente a convivência comunitária”.
A equipe técnica também acompanha a criança e a família que está em processo de adoção. O período de convivência familiar possui diferentes estágios e pode durar algumas semanas ou meses. “É necessário que essa nova família se adapte à realidade da criança, afinal, todo processo de adoção ou de acolhimento familiar tem como centro a realidade infantil”, enfatiza.
Recursos públicos e projetos sociais
Segundo Amaral, 70% do orçamento da instituição é oriundo de recurso público, seja por chamamento público, emendas parlamentares ou federais. Os outros 30% são resultado dos projetos desenvolvidos para obtenção de doações, insumos, alimentos perecíveis, materiais de higiene e limpeza.
Além das parcerias com a Copel e o programa Nota Paraná, a Acridas incentiva a destinação correta do lixo eletrônico, como computador velho, mouse, teclado, televisor antigo, etc. Os itens são vendidos para empresas ou pessoas especializadas no descarte correto. Os recursos são considerados livres e podem ser usados a critério da entidade.