Noite de Natal, família reunida e as crianças estão à espera do Bom Velhinho, que com sua indumentária vermelha e sua barba branca deve descer pela chaminé, certo? Nem sempre. Na verdade, o Papai Noel divide o seu trabalho com diversos outros personagens: em vários países, não é ele a principal figura a trazer presentes nas festas dessa época do ano.
É fato que a popularidade comercial do Papai Noel fez com que no século XX a sua figura se sobrepusesse a figuras tradicionais locais de “trazedores de presentes”. Na Inglaterra, por exemplo, a figura tradicional do Father Christmas e a proposta americanizada do Santa Claus são, hoje, praticamente sinônimas. Porém, muitos países ainda mantêm o foco em outros personagens ou nas versões anteriores da própria figura do Papai Noel, como São Nicolau.
O nosso Papai Noel segue a versão comercial popularizada pelos Estados Unidos com o nome de Santa Claus – expressão que se originou de uma contração de “São Nicolau”. O nome que usamos, porém, vem do Father Christmas, passando pela tradução francesa Père Noël – Noël é Natal em francês. Portugal usa uma tradução mais direta e chama o Bom Velhinho de Pai Natal.
Na Rússia e em outros países da ex-União Soviética, a figura mais popular é o Ded Moroz – algo como “Vovô Geada”. Figura tradicional da mitologia dos povos eslavos, ele voltou a ter popularidade durante o regime soviético, que considerava as tradições de Natal ligadas demais à burguesia e à religião. Por isso, o Ded Moroz traz os presentes não no Natal, mas no Ano Novo. Ele é um velhinho de barba branca e longa, que veste um casaco azul, branco ou vermelho e usa um cajado mágico. É acompanhado de sua neta e auxiliar, Snegurochka.
Menino Jesus
Em outros países, a principal figura presenteadora do Natal é o próprio Menino Jesus. É assim em Luxemburgo, Áustria, Liechtenstein e nas regiões da Alemanha de predominância católica. A tradição é também encontrada no México, na Colômbia, no Equador, na Nicarágua e em outros países da América Latina. Na Hungria e na Romênia, são os anjos que acompanham o Menino Jesus que trazem os presentes.
Outro costume bem típico de algumas regiões é que os presentes sejam trazidos pelos Reis Magos – no seu dia, 6 de janeiro, em vez de no Natal. É um costume que se verifica na Espanha, na Eslovênia e em Andorra, e que passou também a países americanos como Honduras, Panamá e Venezuela e também às Filipinas.
Já em algumas regiões da Croácia e da Itália, é tradição que Santa Luzia traga os presentes, em seu dia, 13 de dezembro. Na Grécia e no Chipre, o papel é de São Basílio, comemorado em 1º de janeiro. A figura inspiradora do Papai Noel, São Nicolau, é mantida em regiões da Polônia, da Ucrânia e da Romênia, trazendo os presentes no seu dia, 6 de dezembro.
Figuras curiosas
Na Itália, os presentes são distribuídos na véspera da Epifania pela Befana, uma espécie de feiticeira. Ela também desce pela chaminé e, em vez de trenó, voa como uma vassoura. Na fronteira entre a França e a Suíça, quem entrega os presentes é uma fada chamada Tante (tia) Arie, que vem montada num burrinho. Já no País Basco, o papel é do Olentzero, um carvoeiro com jeito bonachão que vive isolado nas montanhas e no inverno vai aos vilarejos distribuir presentes.
Achou estranho? Pois na Catalunha quem deixa os presentes é ninguém mais ninguém menos que um tronco, o tió de Nadal. Segundo a tradição, a família leva para dentro de casa um tronco no início de dezembro, que deve ser coberto com uma manta – para que não passe frio – e receber comida toda noite. Na sua extremidade, se desenha um rosto. No Natal, as crianças da casa golpeiam o tronco com bastões, pedindo que ele defeque os presentes, com a popular canção “Caga, tió”. Debaixo da manta, os pais já teriam a essa altura colocado doces e presentes pequenos.
Na Islândia, na Noruega e na Suécia, quem traz os presentes são gnomos, que, diferentemente do que estamos acostumados, não são ligados ao Papai Noel. Em algumas regiões da Alemanha, São Nicolau é acompanhado por uma figura encarregada de castigar as crianças que se comportaram mal – o Knecht Ruprecht ou o Krampus, uma espécie de demônio. Já na Holanda, o Sinterklass – versão intermediária entre São Nicolau e o Papai Noel – é acompanhado de ajudantes pintados de negro, chamados de Zwarte Piet, uma tradição que tem caído em desuso por seu viés racista.
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