A União Europeia designa 24 idiomas como suas línguas oficiais, mas no dia-a-dia da instituição o inglês naturalmente acaba ganhando predominância, seguido do francês e do alemão. Com a saída do Reino Unido, porém, essa posição fica em xeque. Por isso, a proposta do professor italiano Nicola Gardini está ganhando cada vez mais apoiadores: tornar o latim a língua hegemônica da União Europeia.
A provocação ganha corpo num momento em que o continente busca reforçar a sua identidade, que anda ofuscada e aparenta ser coadjuvante, quando comparada com a influência dos líderes de outras potências, como Trump e Putin. Um livro de Gardini, Viva o latim: história e beleza de uma língua inútil, se tornou, contra todas as expectativas, um sucesso. Publicado pela editora Garzanti em maio de 2016, o livro já está em sua oitava edição.
Para Gardini, em entrevista recente ao jornal El País, a volta ao latim não seria nem retrocesso nem extravagância anacrônica, mas uma forma da Europa se reconhecer em sua identidade e no idioma que estruturou o seu desenvolvimento como civilização.
É uma língua que, para ele, sobreviveu muito além de seu tempo, como mostram as liturgias papais, o seu uso na literatura por autores como Rilke, Joyce e Borges e as centenas de expressões que permanecem em uso, como a priori, status, grosso modo, data venia, sic, idem, ibidem, et cetera.
Uma coisa é certa: pelo tratado que fundamenta a União Europeia, o inglês deve deixar de ser usado como língua oficial do bloco com a saída do Reino Unido. Isso porque cada país pôde protocolar apenas uma língua oficial junto ao organismo e não podem ser oficiais as línguas de países que não fazem parte do bloco. Malta e Irlanda também falam inglês, mas preferiram protocolar o maltês e o gaélico.
Não é a primeira vez que se aventa a possibilidade do latim se tornar a língua oficial do bloco. O lema da União Europeia, “Unidos na diversidade” é com frequência grafado em latim (“In varietate concordia”) e alguns organismos do bloco usam o seu nome em latim em logotipos e endereços da internet, para não privilegiar nenhuma língua nacional.
Por exemplo, o site do Conselho da União Europeia é consilium.europa.eu e o do Tribunal de Justiça é curia.europa.eu. Os logotipos de ambas as instituições, bem como o do Tribunal de Contas, trazem seus nomes em latim: Consilium, Curia, Curia Rationum.
Com informações de El País.
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