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Desde que um papa usou um carro pela primeira vez, nos anos 1930, muita coisa mudou – tanto no papado quanto no setor automobilístico. O certo é que um dos elementos mais curiosos ligados às viagens do papa é o papamóvel, o carro blindado que permite que o pontífice seja visto melhor pela multidão.

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O nome não é oficial, mas é um apelido dado pela mídia que colou. João Paulo II, porém, dizia não gostar da denominação. Desde que os papas desceram da sédia gestatória – um trono carregado sobre os ombros de oito a doze pessoas – nos anos 1970, o carro usado pelo papa para saudar a multidão passou por várias transformações.

Os primeiros automóveis do papa

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Foi em 1909 que um papa ganhou, pela primeira vez, um automóvel. O então arcebispo de Nova York, John Murphy Farley, presenteou São Pio X com um Itala 20/30, mas o papa, avesso à nova invenção, nunca o usou. Seu sucessor, Bento XV, também não o usou. Foi só com Pio XI, um fã de automobilismo, que a situação mudou.

Em uma verdadeira competição para oferecer o veículo que mais agradaria ao papa, diversas montadoras presentearam Pio XI, depois que ele ganhou uma Bianchi Tipo 15 da Associação das Mulheres Católicas da Arquidiocese de Milão. A própria Bianchi lhe presenteou em seguida com uma Tipo 20. O preferido de Pio XI, porém, era um Graham-Paige 837.

 

 

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Data dessa época o início da longa série de papamóveis fornecidos pela Mercedes-Benz. O primeiro deles, ao contrário de todos os outros, não foi um presente, mas foi comprado pelo Vaticano. Era um Nürburg 460 customizado, um pouco mais longo que a versão normal e com o estofado revestido em seda.

O fim da sédia gestatória

Enquanto os veículos fechados usados pelo papa para se deslocar normalmente são os sucessores das carruagens papais, os carros que põe o papa em destaque para que seja visto pela multidão em trajetos mais curtos substituíram a sédia gestatória, uma liteira em que o bispo de Roma era carregado por oito a doze pessoas. São esses carros que ganharam da mídia o apelido de “papamóveis”.

O último papa a usar a sédia gestatória foi João Paulo I, que dizia que a sua mãe lhe daria uma bronca se o visse sendo carregado por outras pessoas. Ainda assim, ele a usou durante todo o seu curto pontificado de 33 dias, em 1978, cedendo ao desejo dos fiéis de poderem ver o papa com mais facilidade.

João Paulo II renunciou ao seu uso completamente, no que foi seguido por Bento XVI. Na velhice, ambos usaram apenas plataformas baixas, sobre rodas e empurradas por duas pessoas, para percorrer os cem metros do corredor central da Basílica de São Pedro nas grandes celebrações.

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Paulo VI, o antecessor de João Paulo I, já usava um carro aberto branco – um Toyota Land Cruiser – para saudar a multidão, mas ainda usava a sédia gestatória em cerimônias solenes. Quando João Paulo II a abandonou por completo, adotou o mesmo Toyota.

À prova de balas, mas nem sempre

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O papamóvel fechado, à prova de balas, surgiu depois que João Paulo II levou três tiros em um atentado na Praça de São Pedro, em maio de 1981. Na ocasião o papa estava em um Fiat 1107 Nuova Campagnola, doado pela montadora italiana no ano anterior.

O veículo fechado, no entanto, é usado costumeiramente quando o papa viaja. Dentro do Vaticano, a segurança foi reforçada com detectores de metal nos portões de entrada e o papa continuou a usar um papamóvel aberto. O próprio Nuova Campagnola permaneceu em uso mesmo depois do atentado, por longos 27 anos, até que foi aposentado em 2007.

 

 

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Dois veículos blindados foram usados pelo papa em viagens, um Mercedes-Benz 230 G e um Land Rover 110. Em 2002, eles foram substituídos por um Mercedes-Benz ML 340. Muitas vezes, porém, era o próprio país visitado que se encarregava de prover um papamóvel – e aí as versões do veículo são numerosíssimas.

 

 

No ML 340, o carro mais usado por Bento XVI em suas viagens, o papa subia por uma porta na traseira do veículo e, uma vez sentado, o assento era elevado alguns centímetros. Além do banco do motorista e do passageiro, geralmente um segurança, à frente do veículo, havia lugar para duas pessoas dentro da cabine com o papa. Geralmente esses lugares eram ocupados pelo secretário do papa Bento, o monsenhor Georg Gänswein, e pelo bispo da cidade visitada.

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Os papamóveis de hoje

Francisco, porém, mesmo nas viagens, não usa o papamóvel fechado. Ele costuma usar o mesmo Mercedes-Benz G 500 que está em uso no Vaticano desde 2007, quando o Nuova Campagnola foi aposentado. O veículo permite a acoplagem de uma cobertura de vidro que protege o papa do vento e de chuvas moderadas sem fechar as laterais do veículo.

 

Além desse carro, o outro papamóvel que está atualmente à disposição do papa é um Mercedes-Benz M 500matic blindado, que foi entregue a Bento XVI no fim do seu pontificado, em 2012, e usado apenas uma vez pelo papa alemão. Francisco nunca o usou.

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Nem sempre, é claro, o papa viaja dentro de um carro parecido com um aquário. Para trajetos mais longos, em que não se prevê que o papa saúde as pessoas, usa-se um carro normal. Esses veículos geralmente eram automóveis de alto padrão até a eleição do papa Francisco.

Nesses casos, em Roma, o papa argentino costuma usar um Ford Focus ou um Renault 4 1984 que um padre italiano lhe deu em 2015. No Brasil, durante a Jornada Mundial da Juventude em 2013, usou um Fiat Idea. Na visita à Coreia do Sul, em 2014, transitou em um Kia Soul.

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