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Um casal de Washington resolveu fazer um teste de paternidade depois de perceber que o tipo sanguíneo do filho não batia com o dos pais: o menino era tipo AB, enquanto os pais eram A. Como tiveram o filho com a ajuda de uma clínica de fertilidade, eles temiam que tivesse acontecido alguma confusão entre o esperma do pai e o esperma de doadores no procedimento.

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Depois que um teste inicial mostrou que o pai da criança, de 34 anos, não era geneticamente o seu pai, foi realizado um teste de ancestralidade genética que revelou que o homem é, na verdade, tio da criança. Isso porque os genes presentes no seu esperma são diferentes daqueles presentes na sua saliva, o que levou à conclusão de que houve a absorção das células de um gêmeo que não se desenvolveu durante a gestação. O caso aconteceu em 2015.

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A ciência chama esses casos de “quimerismo” – “quimera” é um ser da mitologia grega mistura de leão, cabra e serpente. Pessoas com dois DNA diferentes costumam ser o fruto da fusão de dois zigotos no útero, antes que eles completem 4 dias de desenvolvimento. Se a fusão acontecer depois desses 4 dias, ela costuma dar origem a gêmeos siameses.

Outros casos de quimerismo podem acontecer devido possíveis trocas de material genético entre dois gêmeos que se desenvolveram até o fim da gestação ou até mesmo entre a mãe e o feto. Ambas as situações acontecem devido à circulação sanguínea comum. Esses casos podem dar origem a resultados estranhos em testes de DNA, mas podem também passar despercebidos a vida inteira.

Embora menos de cem casos tenham sido relatados até hoje, os cientistas estimam que o quimerismo não é tão raro, pois se acredita que um em cada oito nascimentos começou com uma gestação múltipla. Mas a tendência é que o quimerismo se torne ainda mais comum. Isso por causa do aumento da procura por reprodução assistida em clínicas de fertilidade, que tende a produzir mais de um embrião.

Registros

A primeira vez em que um caso de quimerismo humano foi registrado foi em 1953. Geralmente, eles são detectados por uma diferença entre o material genético do sangue e o de outras partes do corpo de uma pessoa. Outros episódios envolvem hermafroditismo. O caso de Washington foi o primeiro episódio conhecido envolvendo paternidade.

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Casos envolvendo maternidade já foram registrados. Karen Keegan, de Boston, descobriu que as suas células sanguíneas tinham genes diferentes daqueles dos seus ovários. Assim, seus dois filhos não são geneticamente seus filhos, e sim da sua irmã gêmea que nunca nasceu. O caso aconteceu em 1998.

Em 2002, outro caso semelhante aconteceu nos Estados Unidos: Lydia Fairchild quase perdeu a guarda dos seus dois filhos ao se divorciar devido à “falha” do exame de DNA em apontá-la como mãe das crianças.

Outro caso curioso é o da modelo californiana Taylor Muhl. A jovem tem dois tons de pele diferente pelo corpo devido ao quimerismo. Além disso, ela tem alergia a metais – mas só em um dos tipos de pele.

 

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