Foi movido pelo desejo de resgatar pessoas envolvidas com o vício das drogas que em 1995 o padre Léo Pereira fundou a Comunidade Bethânia, em Santa Catarina. Hoje já falecido, o padre queria que aquele fosse um lugar diferente de tudo o que se conhecia na área. A Comunidade não seria uma casa de reabilitação, mas um lugar de acolhimento. E por isso seu foco está na liberdade do dependente.
Parece contraditório oferecer a alguém que precisa se afastar de um vício, a liberdade de ir e vir quando quiser. Mas na Comunidade Bethânia, preza-se pelo desejo de mudança vindo da pessoa. Diante desse diferencial, logo no início o foco do trabalho se ampliou: vieram os soropositivos, as gestantes em risco – especialmente as adolescentes abandonadas – e os menores em vulnerabilidade social nas periferias das cidades onde casas da Comunidade foram instaladas.
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Henriqueta Marcondes Menezes, de 71 anos, atua na comunidade há 13 anos. Ela explica que a diferença entre o trabalho da comunidade e de uma clínica terapêutica está no fato de que os portões estão sempre abertos. “Aqui nós acolhemos e o primeiro ponto que trabalhamos é a liberdade. Nossa casa é aberta e não temos portão fechado”, diz. A única pergunta feita no pré-acolhimento, segundo Henriqueta, é se a pessoa quer mudar de vida. “Não temos pacientes, mas filhos e filhas”, completa.
Os voluntários que trabalham em Bethânia passam por um processo intenso de formação. Entre eles existem os que têm vocação religiosa, como padres, mas também os da chamada vocação leiga, que são os casados e até solteiros. O objetivo é que todos vivam juntos dedicando-se às orações e trabalhando para proporcionar um ambiente saudável que motive naquele que chega ao local em busca de ajuda, o desejo de mudar de vida.
Um longo caminho até a recuperação
Jhonatha Roberto Batista Santos, um sergipano de 28 anos é um dos filhos da Comunidade Bethânia. Ele se tornou usuário de drogas aos 17 anos e foi por meio de uma assistente social em Sergipe, que a família dele conheceu a Bethânia. Foi preciso percorrer uma longa distância para buscar recuperação. O jovem está na casa há oito anos, mas nesse período, infelizmente, houveram recaídas. Uma delas aconteceu durante um projeto da comunidade que oferece um período de ressocialização.
Neste tempo ele voltou a estudar, arrumou um emprego e passou a morar sozinho em um apartamento alugado com a ajuda de voluntários da casa. Mas Jonatha lembra que ele ainda não estava pronto para encarar a solidão. Por vergonha, não quis voltar à comunidade e então morou por dois anos nas ruas. Foi quando “viu o próprio caixão” em sua frente, que o jovem decidiu voltar para o acolhimento.
Jhonatha lembra que as drogas lhe tiraram até a vontade de cuidar de si mesmo, mas que agora, além de construir uma família, ele também sonha em ser membro da comunidade para poder apoiar outras pessoas.
A Comunidade Bethânia tem hoje oito casas em todo o país e sobrevive de doações. Você pode saber mais sobre o trabalho no site da casa de acolhimento.
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