A transmissão para gerações futuras de traumas decorrentes de uma infância com negligência ou violência física, psíquica e sexual está sendo estudada com apoio da Fapesp e do National Institutes of Health (NIH), dos Estados Unidos, em pesquisa conduzida pela Columbia University e Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
O foco do estudo são os mecanismos dessa transmissão a descendentes que não foram expostos diretamente aos traumas. Estão sendo estudadas 580 gestantes em situação de vulnerabilidade na cidade de Guarulhos (SP). As informações são da Agência Fapesp.
"Nosso estudo é o primeiro a analisar as alterações placentárias e o neurodesenvolvimento do bebê por meio de análises genéticas, imagens de ressonância magnética neonatal e avaliações cognitivas", disse Andrea Parolin Jackowski, professora da Unifesp e coordenadora do projeto no Brasil.
Via placenta
Segundo Jackowski as hipóteses predominantes relacionam a transmissão intergeracional de trauma a altos níveis de marcadores inflamatórios ou de cortisol – o hormônio do estresse – durante a gestação. Tal condição resultaria em alterações epigenéticas (modificações bioquímicas nas células que controlam a ativação ou silenciamento de genes) que são transmitidas para os bebês.
Além de entender o mecanismo de transmissão do trauma intergeracional, o projeto tem o objetivo de identificar formas possíveis de prevenir problemas de saúde mental nos filhos de mulheres com esse histórico.