Sabemos que a rotina familiar contribui muito para que o casal não se sobrecarregue nas tarefas domésticas e para que filhos aprendam desde cedo sobre organização e disciplina.
“A rotina é o que definirá os parâmetros que a criança adotará no futuro, para a sua vivência e realização pessoal e se estipulada na primeira infância refletirá diretamente na adolescência e na fase adulta”, acredita Marcela Markovicz, assessora jurídica, mãe do Nicolas, de 4 anos.
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Porém, Márcia Canova, psicopedagoga e psicóloga com abordagem sistêmica familiar, alerta para o fato de que, embora a rotina seja extremamente necessária e benéfica, a família deve buscar o equilíbrio. É importante evitar uma rotina extremamente rígida e lembrar sempre de buscar a flexibilidade, pois a rigidez faz com que as pessoas fiquem mau humoradas. “Comer uma pizza durante a semana ou, se porventura for preciso, deixar de praticar uma atividade em determinado dia, não vai prejudicar uma rotina consistente”, exemplifica ela.
Além do mais, deixar uma louça na pia ou postergar uma lavagem de roupa de vez em quando não irá acarretar grandes prejuízos para a família. Afinal, a casa deve ser organizada o suficiente para que os membros do lar possam viver com qualidade de vida, mas sem cair no excesso de atividades que tire a possibilidade dos momentos juntos.
Para contribuir com o estabelecimento da rotina da casa, é muito importante categorizar as prioridades do lar conforme os valores de cada família. “Há famílias que dão mais importância para a forma da alimentação e outras para qualidade de tempo com as crianças. Portanto, cada família deve buscar encontrar suas prioridades por meio do diálogo e da conversa, lembrando de que o bom senso deve prevalecer”, pontua Márcia.
Rotina e pandemia
As restrições trazidas pela pandemia, não só alteraram a rotina familiar, mas permitiram que todos repensassem sobre as novas possibilidades de organização do tempo livre e a valorização do que realmente importa no cotidiano. Isso fez com que várias pessoas mudassem conceitos pré-definidos, acredita Marcela.
Ela conta que a partir da convivência mais intensa dentro de casa, orientados por profissionais da escola do Nicolas, ela criou e reforçou espaços determinados e específicos para as diferentes atividades da família. Foi estabelecido o local do trabalho, o espaço para atividade física, o local para brincadeiras e as mesas de atividades. “Passado o período inicial, mais restritivo e incerto da pandemia, a delimitação de uma rotina mínima foi fundamental para evitar um desgaste físico e emocional ainda maior para nós como casal e da relação pais e filho".
Durante este tempo de pandemia, direcionar atividades com horários determinados, auxiliou ainda mais no cumprimento da rotina do lar e tem contribuído para um maior tempo de qualidade das famílias. E Marcela tem comprovado isso, porque intensificou as brincadeiras lúdicas e os jogos em família, as atividades voltadas ao aprendizado, os passeios pelo bairro e em lugares remotos para um contato maior com a natureza.
“As demais atividades, como prática de atividade física, oração, leitura, séries e filmes, passaram a ter horários alternativos”, afirma Marcela, que acredita que conforme o tempo for passando e as restrições sociais diminuindo, muitas das mudanças realizadas na rotina durante a pandemia permanecerão, porque foram importantes para sua família.
“A organização dos espaços, das atividades e do cotidiano são aprendizados significativos da pandemia. Eles trouxeram uma maior proximidade dos pais com os filhos, possibilitando o conhecimento mútuo, no qual cada um pode descobrir as qualidades e dificuldades do outro, integrando e unindo a família, como também contribuindo com o crescimento das crianças e dos adultos”, conclui Marcia.