Os pais devem usar estratégias lúdicas para que seus filhos aprendam por meio da experiência, e todos da casa precisam se comprometer com as mudanças.| Foto: Unsplash/CDC
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A forte estiagem que atinge vários estados do país desde março já mudou a rotina de muita gente. Afinal, a água que era abundante nas torneiras se tornou escassa e diversos municípios como Curitiba, capital paranaense, passaram a enfrentar o rodízio, no qual recebem água durante um dia e meio e ficam as próximas 36 horas sem abastecimento.  

Em sua fala na Assembleia Legislativa em maio deste ano, por exemplo, o diretor-presidente da Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar), Claudio Stabile, chegou a afirmar que os indicadores de 2020 são semelhantes aos do século 19, ou seja, este é o pior cenário de falta de água no estado em mais de 100 anos.

Além disso, a engenheira ambiental Fernanda Favoreto explica que a situação não afeta somente a quantidade de água disponível para consumo, mas também aumenta a possibilidade de queimadas, a dispersão de partículas no ar que causam doenças respiratórias e ainda o funcionamento das hidrelétricas, comprometendo o fornecimento de energia. “Ou seja, todos precisam fazer sua parte para amenizar esse problema o quanto antes”, alerta a especialista, apontando para a necessidade de uma grande mudança de hábitos.

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Essa mudança, segundo ela, precisa gerar uma obsessão positiva por economia de água. “Para isso, vale diminuir o tempo no banho, limitar as lavagens do carro, fazer a coleta de chuva para regar o jardim ou usar na descarga, e ainda instalar dispositivos que reduzam a vazão das torneiras”, sugere a engenheira, ao citar também um menor consumo de descartáveis, pois a produção deles exige muita água.

É preciso conscientizar toda a família

Só que colocar essas dicas em prática requer esforço e conscientização de adultos e crianças no dia a dia, algo que não é fácil. Por isso, “os pais devem usar estratégias lúdicas e educativas para que seus filhos aprendam por meio da experiência”, afirma a psicóloga Anelise Bertuzzi Mota, sugerindo, por exemplo, um passeio com os pequenos até a represa mais próxima ou em um dos rios mais afetados da região: Iguaçu, Paraná, Paranapanema, Tibagi, Ivaí e Piquiri.

Além da atividade escolhida para mostrar os resultados da estiagem, os pais devem explicar o que significa essa “falta de água” e citar o impacto disso na rotina da família, na saúde e no desenvolvimento das plantas. “Afinal, tudo depende desse líquido precioso, que é nossa maior riqueza”, garante Anelise. Além disso, “depois da explicação, é importante traçar metas para que todos tentem economizar”.

E uma maneira eficaz de fazer isso é deixando os objetivos visíveis em um cartaz. De acordo com a especialista em psicomotricidade relacional Beatriz Boscardin, crianças assimilam conceitos com maior facilidade quando eles são concretos, ou seja, os pequenos entenderão a necessidade de economizar água a partir do momento em que essa economia for visualizada.

“Uma ideia é desenhar a quantidade de baldes de água que a família consegue reaproveitar e até citar quantos litros isso representa”, sugere a especialista, indicando ainda o que foi feito com o líquido. “Aí vocês podem anotar que lavaram a calçada ou que passaram pano no chão, por exemplo. Aos poucos, a quantidade de baldes reutilizados passará de um para dez, vinte ou trinta, e isso será estimulante para a criança”.

Inclusive, para ajudar na economia dentro de casa e estimular a redução de pelo menos 20% no consumo de água pelas famílias paranaenses, a Sanepar preparou algumas dicas e explicou quantos litros cada uma é capaz de economizar. Veja quais são:

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  1. Diminuir o tempo de banho

    Um banho de 10 minutos consome aproximadamente 60 litros de água. Então, reduzir esse tempo para cinco minutos significa economizar 30 litros por dia e quase 1.000 em um mês. Se quatro pessoas moram na casa e todas realizam a redução, a economia chegará a 3.600 litros a cada 30 dias.
  2. Desligar a torneira ao escovar os dentes ou usar um copo para enxágue

    Apenas dois minutos com a torneira aberta gasta cerca de 13,5 litros de água. Então, se o indivíduo abrir o mínimo e reduzir esse consumo para 3,5 litros serão preservados 10 litros por escovação. Em um mês, quem escova os dentes três vezes por dia terá economizado 900 litros de água.
  3. Utilizar uma garrafa na descarga no vaso sanitário

    Colocar uma garrafa de refrigerante com terra ou pedras dentro das caixas de descarga acopladas ao vaso sanitário também gera economia. Segundo a Sanepar, isso não compromete a eficiência do aparelho e reduz um litro de água em cada acionamento. Se cada pessoa utilizar o sanitário quatro vezes ao dia, uma casa com quatro moradores terá economizado 16 litros de água diariamente e 480 até o fim do mês.
  4. Instalar redutores de vazão de água

    Essa peça de fácil instalação pode diminuir pela metade a quantidade de água que sai das torneiras. Assim, o gasto normal de aproximadamente 120 litros de água para lavar louça durante 15 minutos pode passar para 60 litros ao dia, totalizando uma economia de 1.800 litros no mês.
  5. Trocar a mangueira pelo balde ao lavar o carro ou calçadas

    Uma mangueira ligada por 15 minutos gasta 280 litros de água. Por isso, o ideal é usar um balde e um pano para limpar o carro ou as calçadas da casa. A economia será imensa!
  6. Consertar vazamentos

    Você sabia que um buraco de 2 milímetros em um cano pode desperdiçar até 3.200 litros de água por mês? Então, verifique constantemente os encanamentos e realize os consertos com rapidez para evitar desperdício.
Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]