Cerca de 20 profissionais se colocaram à disposição para atender pessoas abaladas emocionalmente e que não têm recursos para investir em saúde mental.
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Pânico geral, pessoas lotando os supermercados para estocar comida, trabalhadores autônomos preocupados com a questão financeira, escolas e comércios fechando, medo de perder os familiares, medo da morte. Tudo isso aponta para um cenário preocupante em termos de saúde mental.

E foi ao observar todas essas reações, geradas pela rápida disseminação do novo coronavírus pelo mundo, que a psicóloga e diretora do Centro de Psicologia Positiva e Mindfulness do Paraná Sheila Drumond decidiu que era hora de intervir.

Como psicóloga, Sheila pensou em fazer aquilo que estava em seu alcance em tempos de isolamento: disponibilizar o seu serviço psicológico de forma online e gratuita para todas as pessoas que estão precisando de suporte emocional para lidar com essa pandemia.

A princípio, a ideia era fazer isso sozinha, mas conforme foi comentando com seus colegas, Sheila conseguiu, de um dia para o outro, 20 psicólogos voluntários que ficarão, junto com ela, em uma espécie de plantão psicológico. Além disso, uma advogada também se colocou à disposição para auxiliar em questões jurídicas que possam surgir nesse momento.

“Toda e qualquer pessoa que perceba um aumento dos sintomas de ansiedade, depressão, pânico, em virtude da pandemia e que não tenha recursos pra investir em saúde mental pode nos procurar e será direcionado para o psicólogo que está em plantão”, explica Sheila.

Os atendimentos serão realizados via Whatsapp, Skype ou qualquer outro aplicativo que seja criptografado. E os agendamentos devem ser feitos pelo número (41) 99957-7837.

Extremos

“Nos preocupa os dois extremos, tanto as pessoas que estão entrando em um processo de histeria coletiva, um pânico generalizado, como também aqueles que não estão nem aí, que acham que isso é uma fantasia”, afirma a psicóloga. “Já recebemos mensagens de pessoas que estão com sintomas de crise de ansiedade e pânico”.

A curitibana Fabiana Witthoeft foi uma das psicólogas que se voluntariou para o plantão psicológico. “Tenho um filho de seis anos e não consigo atender a todo momento, mas me propus a fazer os atendimentos após ele dormir. Então, entre as 22 horas e a meia-noite estarei disponível para ajudar essas pessoas que estão sendo bombardeadas de informações”, contou a psicóloga ao Sempre Família.

Para Fabiana, é natural que uma abrupta mudança na rotina cause um desequilíbrio no bem-estar de um indivíduo e que, exatamente por isso, é fundamental prezar pela saúde emocional das pessoas nesse momento difícil. “Decidi participar porque também me faz bem me sentir útil e estar orientando e escutando essas pessoas durante esse caos”.

Despertar o que há de melhor em cada pessoa

Assim como já está acontecendo em outros países, o isolamento social deve ter um grande impacto na saúde mental dos brasileiros. Por isso, segundo Sheila, é importante que, apesar do isolamento, as pessoas se mantenham disponíveis, que façam ligações por vídeo, que aprendam a interagir de outras maneiras. Além disso, olhar para os movimentos positivos que estão acontecendo em torno dessa pandemia também pode trazer um alívio emocional.

“Ao mesmo tempo em que essa pandemia pode trazer pânico e ansiedade, ela também desperta em algumas pessoas o que há de melhor nelas”, comenta a psicóloga ao lembrar das pessoas que estão se mobilizando para ajudar umas as outras e das centenas de iniciativas de solidariedade e união pelo mundo.

“De alguma forma, tudo isso também acaba nos movimentando para que possa emergir o melhor que há em nós. É isso que esperamos, que as boas ações possam tocar as outras pessoas para despertar também o melhor que há nelas”.

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