Tentar ser positivo o tempo todo estimulado por redes sociais pode causar mais trsiteza do que alegrias.| Foto: Bigstock
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Compartilhar fotos e informações em redes sociais virou necessidade básica e ficar um dia sem acessar essas mídias parece tarefa impossível. Só que pra muita gente esse excesso pode ser um gatilho de sensações nada prazerosas.

Se a sociedade viveu, um dia, uma fase em que as pessoas acreditavam que deveriam ser felizes a qualquer custo, esse momento passou, diz a psicóloga clínica Claudia Bach. Para ela, nos dias de hoje esse imperativo não é mais válido.

Como a felicidade não é uma constante, o pensamento geral transformou-se e agora o foco é ser sempre – e pelo menos – positivo. “Porém, essa é uma questão perigosa, pois muitos se esforçam para mostrar algo que não são o tempo todo”, diz.

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Sem dar conta de tudo

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Essa percepção foi essencial para a maquiadora e micropigmentadora Paula Algomes Duda. Ela administra uma conta com cerca de 20 mil seguidores em uma rede social e começou a perceber que aquela realidade virtual era diferente do momento pelo qual estava passando. “Me causava ansiedade ver na internet que todo mundo dava conta de tudo e que eu não estava dando”, admite. Depois de ficar um tempo offline, decidiu fazer diferente.

A rotina de mãe, esposa, estudante universitária e profissional autônoma foi especialmente estressante em 2020 e Paula resolver falar sobre isso. “Eu tinha a sensação de que as outras mães eram maravilhosas, mas eu não me sentia assim”, conta.

Quando admitiu para os seguidores que, com ela, não estava tudo bem, veio a surpresa. “Eu vi que muitas mães também não estavam e que tudo bem se eu não fosse perfeita”, diz.

Em vários momentos as coisas não darão certo como gostaríamos, e ela compreendeu que ninguém precisa se sentir forçado a fingir que algo não fez mal, sendo positivo o tempo todo.

Realidade individual

O importante é entender que cada um tem a própria realidade, enfatiza Cláudia. Nenhuma pessoa é igual a outra e ninguém pode levar a vida do outro. Ela ressalta que a frustração faz parte da vida e que, apesar de o otimismo ser importante, nem todo mundo tem essa característica. E até faz um alerta para quem tem um perfil mais pessimista, com temperamento introvertido. Alguns quadros de depressão iniciam assim. “Aquilo toma conta da pessoa porque ela pensa que é incapaz. E tem gente que nem percebe”, conta. Por isso que tudo que é em excesso deve ser evitado.

Internet, celular e rede social são viciantes e também causam dependência, segundo a psicóloga. “É essencial ter essa percepção e fazer outras atividades para ficar um pouco longe das telas”, orienta. Angústia, ansiedade e desânimo são sensações que também os pais podem acompanhar, principalmente em relação aos adolescentes e monitorar o tempo que passam conectados.

No caso da Paula, ela conseguiu perceber o que fazia mal e como sair daquela situação. Conversar com outras pessoas foi o melhor caminho. Para ela, que também é criadora de conteúdo, era um pouco mais difícil ficar afastada, mas foi necessário.

Ela destaca que mesmo para quem está envolvido nesse universo a rotina não é tão simples. “Tem todo um cronograma de publicações e uma preocupação se o cliente está satisfeito, mas principalmente se os seguidores se interessam por aquilo”, diz.

A maquiadora agora sabe que ninguém está bem o tempo todo, mas já compreendeu que não adianta se comparar. E dá uma dica importante. “Internet é pra ser leve, é pra deixar a gente feliz e não gerar uma carga negativa na gente”, conclui.

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