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Mentir é uma atitude tão comum e presente que muitas pessoas se perdem na hora de entender em que momento ela é aceitável e quando ela se torna um problema. Com as crianças a preocupação aumenta, pois elas estão sendo formadas e a expectativa dos pais é que seus filhos sejam éticos e tenham a verdade como um princípio importante em sua formação. O que muitos deles não sabem é que a mentira para a criança é uma defesa. “Quando ela se sente ameaçada de desencadear situações de vergonha e humilhantes, a defesa de mentir pode ser uma forma de evitar sentimentos difíceis ou impossíveis de administrar”, conta Arlete Ferrari Santos, psicóloga clinica de família e casal, que afirma que a mentira pode ser ainda uma forma de seduzir para obter privilégios.

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Para os pais o importante é entender o que motiva a defesa de mentir na criança. Quando o rigor em seus julgamentos causa medo excessivo, a mentira pode vir como meio de evitar sofrimento emocional. Em algumas famílias o mentir pode ser um comportamento aprendido. Os pais mentem, mas sem qualificar como mentira. A criança entende, então, como uma forma natural. Existem ainda as chamadas ‘mentiras sociais’ onde a criança é impedida de falar a verdade sob a acusação de ser inconveniente. “A criança ainda é incapaz de diferenciar o que é mentira passível de punição e mentira benevolente. Ela entende que pode mentir, pois observa adultos fazendo isso. Quando é assim, a diferença entre mentir e omitir falas desagradáveis deveria ser explicada para a criança”, completa Arlete.

O fato é que os adultos deveriam ensinar a criança ou o adolescente através de seu exemplo a arcar com suas atitudes, a responder por si mesmo, sem subterfúgios.

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“Quando ela se sente ameaçada de desencadear situações de vergonha e humilhantes, a defesa de mentir pode ser uma forma de evitar sentimentos difíceis ou impossíveis de administrar.”

Arlete Ferrari Santos, psicóloga clinica de família e casal.

 

Necessidade de atenção

A mentira vira um problema quando está sem controle consciente ou, mesmo consciente, passível de racionalização. Quando a mentira persiste, pode ser compreendida como um desvio de caráter. A tomada de consciência pelos pais ou educadores pode ajudar, mas, inúmeras vezes, não oferece grande mudança quando o indivíduo já se tornou um mentiroso compulsivo com comportamento de caráter duvidoso. “Se a família puder compreender que fez parte dessa formação de caráter, há chance de ajuda. Isso implicará o reconhecimento honesto das limitações e desvios de verdade do todo”, acrescenta a psicóloga.

Também é importante parar com os julgamentos muito rígidos ou muito tolerantes e compassivos. Dessa forma os pais podem recuperar, em consonância com o filho, a capacidade de dizer a verdade, sem vergonha, ou manobras ilícitas. “Esse esforço comum a todos do sistema parece a alternativa mais eficiente. Resta a retomada da coragem de ser verdadeiro nas interações e aprendizado de formas mais aceitáveis de expressão social”, finaliza Arlete.