A época ideal para falar sobre filhos é antes mesmo do casamento, quando os dois já começam a planejar a vida juntos| Foto: Bigstock
Ouça este conteúdo

Ele sempre gostou de crianças, se diverte muito com os sobrinhos e espera ansioso pelo dia em que terá seus pequenos. Só que vê o sonho ruir no momento em que ouve a esposa dizer que não quer engravidar. Já em outra família, é a mulher quem imagina a barriga crescendo, o quartinho do bebê sendo montado e o choro do seu filho envolvendo o ambiente, enquanto o marido insiste em dizer “não” para todos esses planos. Como lidar com isso? É possível evitar os conflitos relacionados ao planejamento familiar?

De acordo com o psicoterapeuta Matheus Vieira, a melhor maneira de enfrentar essa e outras diferenças é o diálogo. “Afinal, os dois precisam entrar em consenso e isso só é alcançado conversando, e conversando bastante”, afirma o especialista no atendimento de casais. “Por isso, você precisa deixar suas expectativas claras afim de evitar frustrações”.

CARREGANDO :)
CARREGANDO :)

Antes do casamento

CARREGANDO :)

Inclusive, a época ideal para falar desse assunto é antes mesmo do casamento, quando os dois já começam a planejar a vida juntos e a dedicar mais tempo para conhecer as qualidades, defeitos, preferências e projetos do companheiro. “Óbvio que isso não será discutido na primeira semana do relacionamento, mas à medida que o namoro se tornar mais sério e os dois estiverem pensando em se casar”, aconselha o terapeuta, ao adiantar que essa atitude evitará desgastes futuramente.

Mesmo assim, não há como garantir que tal acordo permaneça intacto, pois as pessoas mudam com o tempo e seus projetos podem sofrer alterações. “Então, é possível alguém que não queria ter filhos passar a sentir esse desejo ou aquele que sonhava com uma criança acabar voltando atrás”, comenta Viera. Nesses casos, é necessário explicar ao cônjuge o que está ocorrendo e retomar a conversa que tiveram anos antes. “Lembrando que a pessoa não muda com o objetivo de iniciar um conflito, mas porque seus valores ou planos passaram por transformações”.

Prejuízos

Dessa forma, é necessário tratar o assunto com maturidade, evitando problemas entre o casal e prevenindo consequências para a criança, que pode crescer sem o afeto de um dos pais, por exemplo. “Isso traz reflexos profundos à vida dela, pois pai e mãe devem ser suas maiores fontes de amor”, afirma o especialista, ao citar prejuízos graves na saúde emocional dos pequenos que não são desejados.

Claro que existem exceções e algumas mulheres que não queriam engravidar passam a amar a criança mais do que a elas mesmas, enquanto homens que ficavam aterrorizados com a ideia de serem pais se apaixonam pelo bebê ao vê-lo pela primeira vez. “Mas não há como saber o que acontecerá, então o melhor é que o casal entre em acordo a respeito dos filhos”.

Publicidade
Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]

E se não tiver acordo?

E, naqueles casos que não chegarem a um consenso com diálogo em casa, o acompanhamento de um terapeuta de casais poderá ajudar. “Isso porque algumas pessoas só sabem falar que querem ou não querem ter os filhos, mas elas mesmas não sabem os motivos disso”, explica Vieira, que incentiva a análise do medo, do receio e também da motivação desse desejo para uma decisão mais clara.

A partir disso, cada um entenderá as razões do outro e se esforçará para manter a felicidade do casal, mesmo que, para isso, tenha que optar por uma alternativa diferente daquela que queria. “Talvez aceitem ter o filho ou iniciem um processo de adoção”, comenta o psicólogo.