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Você sente necessidade de aprovação? Coloca seu parceiro acima de você em qualquer situação? Sofre com baixa autoestima e se sente responsável pela felicidade alheia? Se você respondeu sim a estas questões, pode estar em um relacionamento codependente.

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Quem sugere isso é a psicanalista Alenne Namba, que explica que a codependência é caracterizada quando um parceiro se doa em excesso ao outro em uma relação disfuncional e desequilibrada. “Enquanto um acredita que a responsabilidade por suprir as necessidades do parceiro é sua e investe toda energia no relacionamento, o outro não assume seus sentimentos, atitudes e escolhas”.

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Considerado patológico, esse tipo de relacionamento pode mascarar problemas psicológicos ou emocionais originados na infância ou adolescência.  Segundo a psicóloga Saskia Andrade de Vasconcelos, dentre as principais características do codependente está o hábito de atuar como cuidador ou salvador do outro, aceitar justificativas falsas, mentiras, enganos, negligência e até a violação de acordos para manter o relacionamento.

Carência e medo da solidão

Apesar de o senso comum remeter a codependência ao namoro ou casamento, ele pode acontecer em diversos tipos de relacionamento: entre pais e filhos, irmãos, familiares, amigos e até entre chefes e funcionários. “As pessoas carentes, que se sacrificam pelos outros, que têm dificuldade de ficar só, que sofrem com problemas sexuais, que são ansiosas ou costumam engolir os próprios sentimentos e emoções são mais suscetíveis a se envolver em uma relação de codependência”, esclarece Alenne.

“A pessoa se autoanula por medo de perder o amor do outro acreditando que há um ganho secundário, embora exista um sofrimento muito grande ao tolerar certos tipos de abuso”

E a questão, que por si só é grave, piora por conta do sentimento de culpa que a pessoa codependente tem, quando tenta se desvencilhar daquele a quem está ligada. “Com isso, ela se autoanula por medo de perder o amor do outro acreditando que há um ganho secundário, embora exista um sofrimento muito grande ao tolerar certos tipos de abuso”, destaca Saskia, que também é especialista em psicodrama.

Sobre os abusos, Alenne observa que eles podem ser físicos, verbais, psicológicos ou emocionais, e acontecem de forma gradual incluindo até o afastamento da família e dos amigos. O abuso psicológico denominado gaslighting é um dos mais comuns na codependência e é caracterizado pela distorção ou omissão de informações, ou situações para fazer com que o outro questione sua própria sanidade mental ou se confunda.

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Para quem deseja entender melhor a codependência, Alenne indica o filme Mãe, do diretor Darren Aronofsky. O longa-metragem ilustra como é um relacionamento codependente e como os abusos são graduais.

É possível superar a codependência?

É possível sim transformar um relacionamento codependente em algo saudável, segundo Saskia. Mas ela faz um alerta: “Pode haver resistência das duas partes por estarem acostumados com a dinâmica estabelecida. Isso porque, apesar de gerar sofrimento, os dois acham que há um ganho secundário que nenhum dos dois quer abrir mão”.

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A recomendação de Saskia é que o casal tenha força de vontade para mudar, mas que também conte com ajuda profissional para vencer esse desafio. Ela complementa que o tratamento visa resgatar a autoestima do indivíduo e incentivar a adoção de um comportamento mais saudável.

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Alenne reforça, ainda, que a terapia individual ou em casal é um auxílio importante, assim como o apoio da família e dos amigos, especialmente quando o parceiro cansado de ser codependente precisa se fortalecer para mudar a situação. Além da ajuda de profissionais das áreas de psicologia e psicanálise, é possível encontrar apoio em grupos de autoajuda, como o Codependentes Anônimos Brasil.

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