Especialistas orientam sobre como se planejar e fazer da aposentadoria a melhor fase da vida.
Há 10 anos, Moyses se aposentou. Mas para isso, muito antes, ele começou a se planejar financeiramente.| Foto: Arquivo pessoal/Moyses Worcman

“Há mais 10 anos decidi parar de trabalhar e comecei a fazer atividades que sempre gostei, como ler e participar de cursos online sobre assuntos diversos que me interessam”. Foi com essas palavras que o engenheiro civil aposentado, Moyses Worcman, de 89 anos, definiu seu período de aposentadoria.

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Assim como ele, muitos idosos que trabalharam a vida toda encaram a tão sonhada pausa como um momento oportuno para realizar hobbies que antes não tinham tempo. Mas, nem todos encaram dessa forma. Há aqueles que se sentem angustiados sem saber o que vão fazer dali em diante, seja porque não se prepararam financeiramente ou porque não estão sabendo lidar com essa nova fase.

“O importante, em todos os casos, é que a pessoa não fique sem fazer nada, ou seja, ocupe sempre a mente. Quem conseguiu se preparar para poder escolher o que fazer, precisa enxergar a liberdade com bons olhos e aproveitar para desfrutar de seus dons e gostos, pois nem sempre a pessoa passou sua vida fazendo o que gosta”, aconselha a psicóloga Osmarina Vyel.

Opção ou necessidade

Hoje é muito comum ver aposentados no mercado de trabalho. Segundo pesquisa da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), pelo menos 21% dos aposentados continuam na ativa, seja por necessidade financeira ou desejo pessoal.

Esse foi o caso da psicanalista Rosa Worcman, de 84 anos. Ela decidiu continuar fazendo o que sempre trouxe satisfação. “Eu não quis parar de trabalhar. Porque, para mim, trabalhar significa vida e a minha profissão me permite continuar atuando”.

Assim como ela, há quem não almeje parar de trabalhar. Alguns até programam uma segunda carreira profissional. “Quando a pessoa decide continuar por prazer não há o fardo de ter que trabalhar para sobreviver, afinal, todas as responsabilidades sociais foram cumpridas. Então, ela está pronta para viver o melhor capítulo de sua vida”, destaca a psicóloga Osmarina Vyel.

E há quem precise continuar trabalhando para conseguir sobreviver, mas também quem esteja angustiado porque sempre foi muito ativo. “Por isso, a palavra-chave é se reinventar, ou seja, a pessoa necessita descobrir e se envolver em novas atividades, cursos, como forma de satisfação pessoal. Assim, o aposentado conseguirá aproveitar a aposentadoria e desempenhar uma atividade prazerosa”, conclui a psicóloga.

Planejamento

Outro ponto importante é pensar neste período da vida, ainda na juventude. Rosa e Moyses podem hoje desfrutar dos benefícios de estarem aposentados porque, muitos anos antes, se organizaram financeiramente.

“Me preparei na juventude para poder escolher o que fazer na melhor idade. Por isso, só vejo benefícios desse meu período de aposentada. Busco, além de trabalhar e dar aulas, ler, estudar, conversar e compartilhar conhecimentos”, acrescenta a psicanalista de 84 anos.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a previsão é que até o ano 2050 os idosos correspondam a um quinto da população do planeta. “Por isso, é muito importante que cada pessoa faça o seu planejamento previdenciário. O ideal é, desde cedo, determinar o objetivo, baseado nas necessidades e traçar uma meta de contribuição. É muito importante fazer simulações com um especialista para verificar todas as opções”, observa a advogada especialista em previdência, Maria Faiock.

O planejamento previdenciário é feito com base nas contribuições já recolhidas e com projeções futuras, levando-se em conta a renda inicial almejada da aposentadoria. “Outra dica importante, é ter um plano ‘B’, como por exemplo uma previdência privada ou aplicações financeiras para complementação da renda futura”, aconselha a advogada.

Passos importantes

A aposentadoria não significa um ponto final, mas sim a continuação da vida e a chegada de uma nova fase, que pode ser muito especial. As especialistas garantem que, no processo de transição, é essencial procurar novas atividades que gerem estímulo. Por isso, elas deixaram seis dicas para continuar sendo produtivo e conquistar uma aposentadoria tranquila.

  1. Não deixe de sonhar: faça aquele curso que sempre quis, mas que antes não tinha tempo. O importante é seguir tendo metas e não encarar essa fase como paralisadora.
  2. Cultive relacionamentos: seja com os amigos da juventude ou com novas amizades. Nós somos seres sociais, por isso é essencial compartilhar bons momentos com pessoas queridas e estar disposto a viver novas experiências.
  3. Busque o autoconhecimento: quando achamos que sabemos muito de nós mesmos descobrimos que ainda há muito que aprender. Por isso, valorizar e cuidar do seu interior lhe manterá motivado e estimulado a olhar para vida de forma positiva.
  4. Tenha uma boa alimentação e faça exercícios: esses são hábitos essenciais para tornar essa fase ainda mais saudável e prazerosa não apenas física, mas também mentalmente.
  5. Movimente-se: se escolher não trabalhar mais, faça parte de ações comunitárias, como por exemplo em igrejas ou associações. Participe de viagens com familiares e amigos. Enfim, não fique parado.
  6. Cuide das finanças: tenha um controle de gastos e uma reserva de emergência. Com um orçamento e planejamento financeiro você consegue se organizar para quitar as despesas e viver momentos de lazer.

Lembre-se, você já cumpriu com sua parte social e familiar. Aproveite esse tempo de liberdade da melhor forma!

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