Estudos mostram que ter um cachorro reduz em 24% o risco de morte por qualquer causa, enquanto ser tutor de um gato reduz em até 30% o risco de ataques cardíacos. Quem nos explicou isso foi o geriatra Humberto Amadori, em matéria recente aqui no Sempre Família.
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Mas embora saibamos os benefícios de se ter um animal de estimação em casa, quando o assunto envolve idosos, há sempre uma preocupação. E muitos familiares, na tentativa de minimizar riscos, acabam por tirar do convívio de pais ou avós animais que estão há anos em casa, e em que há uma relação de apego. A decisão pode ser mesmo benéfica, mas, às vezes, ser prejudicial. E como saber qual a melhor decisão?
Autonomia do idoso
Entre os possíveis riscos e os benefícios, para decidir se o animal de estimação deve continuar com o idoso ou não, Amadori indica que, em primeiro lugar, deve ser avaliado se o idoso tem a capacidade de tomar esta decisão sozinho. “Se sim, sua autonomia deve ser respeitada e os riscos devem ser geridos e atenuados pelos profissionais de saúde que o assistem”, destaca o geriatra.
Mas, se há alguma doença que afete a sua capacidade de tomada de decisão, é importante o manejo desta condição de saúde bem como a definição se esta condição é permanente ou transitória. “A manutenção do pet em caso de certas doenças da pessoa idosa também pode representar um risco à saúde do animal de estimação, o que também deve ser levado em consideração”, explica o médico.
Às vezes, um animal de estimação com características mais afeitas ao da pessoa idosa, seja de outra raça ou até mesmo outra espécie de animal, pode ser aventada, podendo ser escolhido algum que exija demandas mais simples ou que aceite adestramento que acompanhe o estilo de vida do idoso, sugere a fisioterapeuta Camila Mordezim.
Saúde do idoso e do animal
Os cuidados com a saúde do idoso e do animal precisam estar em dia, na mesma proporção. Os hábitos de higiene dos humanos são essenciais para prevenção de uma variedade de doenças infecciosas, sejam elas zoonoses ou não, de acordo Monica Gomes, professora de infectologia da Universidade Federal do Paraná (UFPR).
Ela reforça que em qualquer idade é necessário que haja o cuidado ao manipular as fezes do animal, por exemplo, sendo ideal utilizar uma proteção para não fazer o contato dos dejetos direto com a mão e, logo após, higieniza-las com água e sabão ou álcool 70%. “Tendo um animal saudável, que não apresente algum quadro infeccioso, a chance de transmissão de doença é mínima”, esclarece a infectologista.
Assim, dependendo dos hábitos noturnos do pet e da pessoa idosa, do seu risco de quedas, da existência de condições que afetam sua mobilidade, da presença de déficits sensoriais –especialmente visão, audição e queixa de tontura, da existência de distúrbios do sono, bem como de incontinência urinária e doenças da próstata, os animais podem permanecer com seus tutores. “Mantendo o animal com visitas frequentes ao médico veterinário, e seguindo as orientações nos cuidados da saúde do idoso, mantê-lo no ambiente doméstico é benéfico àquele que o tem como companheiro”, conclui a infectologista.