Humor irritável, comportamento questionador e sentimentos vingativos, são alguns sinais do transtorno opositor desafiador.| Foto:
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Humor raivoso e irritável, comportamento questionador, sentimentos vingativos, falta de paciência, ressentimentos guardados, recusa em obedecer às regras e enfrentamento dos pais e professores são características de algumas crianças que muitas vezes são entendidas como má educação pela sociedade.

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Porém, o psicopedagogo Gustavo França alerta que um padrão de grande rebeldia, com problemas de autocontrole das próprias emoções em crianças e adolescentes temperamentais ao extremo, pode ser sinal do Transtorno Opositor Desafiador (TOD).

Comumente é na infância – em especial no início da pré-escola – e na adolescência, que os sintomas costumam aparecer. E especialmente nos meninos, com “comportamentos que violam os direitos dos outros e colocam o indivíduo em conflito significativo com normas sociais ou figuras de autoridade”, explica a psicóloga Vitória Baldissera de Souza.

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Por isso, segundo França, esses sintomas são percebidos pelos familiares ou pessoas que convivem frequentemente com as crianças, como professores e amigos, que notam atitudes motivadas por níveis extremos de humor irritável, questionador, desafiante ou de índole vingativa.

“Quando irritada a criança perde a calma com frequência, é sensível, facilmente incomodada, é raivosa e ressentida. Contudo, se questionadora, frequentemente desafia ou se recusa a obedecer, incomodando deliberadamente outras pessoas ou culpa outros por seus erros ou mau comportamento”, exemplifica a psicóloga.

Como distinguir esses comportamentos da má educação?

Nós sabemos que não é incomum que as crianças em idade pré-escolar apresentem alterações de humor semanalmente. Logo, para que esse comportamento não seja considerado sintoma do TOD, devem ocorrer na maioria dos dias da semana, por seis meses contínuos, indica Vitória. “E na interação com pelo menos uma pessoa que não seja um irmão”, acrescenta.

Contudo, precisa existir cautela de não confundir determinados sintomas com outros transtornos, como o transtorno de déficit de atenção e hiperatividade, transtorno de regulação de humor e até mesmo o transtorno de conduta, alerta o psicopedagogo Gustavo França, que é mestre em educação e especialista em educação especial, psicopedagogia e psicanálise.

Além disso, Vitória acrescenta que é importante observar se a criança está atingindo todos os marcos de desenvolvimento para descartar transtornos do neurodesenvolvimento, caso ela esteja “atrasada” se comparada com outras crianças e aceitar que é comum que crianças pré-escolares tenham uma fase de dizer muitos “nãos”. “Portanto, a família deve escutar os alertas feitos pela escola, já que esse é um ambiente em que a criança está diariamente e podem perceber que os comportamentos têm acarretado prejuízos significativos para a criança, como destruição de objetos e problemas de relacionamento”, orienta ela.

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Identificadas algumas características, o que a família deve fazer?

Por ser um transtorno de comportamento disruptivo, ou seja, com comportamentos desafiadores, antissociais e de transgressão, o TOD impacta diretamente no controle de impulsos e nas condutas da pessoa. E, se não tratado, pode gerar prejuízos até a vida adulta.

Desse modo, França, que é professor de psicopedagogia da Uninter, orienta a família que ao perceber que algo não está como deveria, procure profissionais de saúde mental especializados para avaliação, diagnóstico e orientação do tratamento adequado. “Podendo ser identificado em crianças com menos de 5 anos, o diagnóstico do transtorno opositor desafiante é clínico, por meio de testagens neuropsicológicas e uma investigação comportamental da criança, seus hábitos e de sua família”, explica ele.

Como a família pode lidar com crianças com TOD? E a escola?

Após o diagnóstico, tanto a família, quanto a escola, receberão, por meio dos médicos, psicólogos ou psicopedagogos, orientações técnicas acerca das perspectivas que auxiliam na extinção ou minimização da frequência de comportamentos indesejados, com o intuito de minimizar o sofrimento do sujeito e de suas famílias.

“Assim, os comportamentos do paciente podem ser trabalhados, com o intuito de auxiliá-lo a lidar com os pensamentos e os sentimentos, o que por sua vez irão refletir nos comportamentos”, tranquiliza França. Afinal, apesar do TOD ter como característica o baixo autocontrole, a forma como as pessoas reagem aos comportamentos da criança pode piorá-los, destaca a psicóloga. “Quando a criança desafia um adulto, geralmente ele mostra incômodo, o que pode ser o objetivo dela. Portanto, respostas alternativas devem ser colocadas em prática”, exemplifica Vitória.

Em razão disso, França indica aos pais e professores que:

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  1. Quando der uma solicitação a criança, sempre olhe em seus olhos, pois isso demonstra firmeza;
  2. Realizem advertência de comportamentos inadequados da criança, sempre que necessário, de maneira proporcional à ofensa e idade dela;
  3. Envolva a criança nas atividades grupais, para que ela se sinta parte;
  4. Trabalhe com ela sua inteligência emocional, autogestão e adaptação ao ambiente;
  5. Utilize reforço positivo;
  6. Realize transferências com a criança, ou seja, vínculos positivos.

E, somado a isso, a psicoterapia, orientação dos pais, e em alguns casos medicação prescrita pelo médico, também podem ajudar a criança a desenvolver regulação emocional e aos pais a como dar consequências aos comportamentos característicos do TOD, conclui Vitória.