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Jantares de família, treinos na academia, passeios com amigos, conquistas e decepções são algumas situações da vida pessoal que têm sido expostas diariamente nas redes sociais, sem que os usuários avaliem com cuidado o que é público e o que deveria manter-se privado e acabem se colocando em risco devido à exposição exagerada.

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Com o tempo, o usuário pode criar o hábito de mostrar detalhes da vida pessoal de forma desequilibrada e se tornar um indivíduo frustrado, perdido, superficial ou propenso à manipulação, consumismo e ao controle de massas. Além disso, a terapeuta e escritora Rayhanne Zago explica que essa exposição constante também pode indicar que a pessoa está, na verdade, tentando esconder algo, como um problema de autoestima ou até mesmo sua necessidade de receber aprovação social.

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“Seja em busca de aplausos, dinheiro, como fuga da realidade e até mesmo por certa ingenuidade, a forma vigente de agir tem trazido exposição desmedida da própria intimidade e até mesmo dos outros” afirma a especialista em conscientização digital e dependência tecnológica.

Segundo ela, uma das explicações para esse comportamento é que o cérebro humano busca mecanismos de recompensa e reforço para ações que realiza, e as redes sociais oferecem isso aos usuários por meio de feedbacks como curtidas e compartilhamentos, que podem gerar prazer semelhante ao causado pelo vício em drogas ou em pornografia, causando dependência.

A exposição virtual também pode acarretar riscos à segurança do indivíduo, como ameaças, sequestro e vazamento de conteúdo íntimo por meio do roubo de dados ou invasão de contas. E a postagem de informações pessoais sem moderação ainda é capaz de "gerar um problema de personalidade e até um vazio existencial", aponta Rayhanne.

O motivo, segundo ela, é que o usuário pode passar tempo demais diante das telas e não saber como lidar com as críticas que receber ou com a baixa quantidades de "likes" em alguma postagem, já que nem sempre o feedback será positivo e agradável. Com isso, lidará com bastante estresse e poderá até prejudicar quadros de transtornos mentais que já possua.

É preciso viver. Não postar.

Outro problema, de acordo com o psiquiatra Francisco Assumpção, é que a exposição exacerbada também faz com que o cérebro comece a encarar a vida como algo a ser fotografado e compartilhado, ao invés de vivido. E como tudo é realizado de forma online, esse indivíduo pode acreditar que não é mais necessário manter relações pessoais, já que precisa permanecer conectado em vez de praticar hobbies, ler, passear, conviver com amigos e praticar atividades físicas.

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Por isso, Assumpção orienta as pessoas a evitarem expor nas redes tudo que diga respeito à sua intimidade. “O que eu penso, sinto ou vivo é meu. Não é público", aponta, ao afirmar que a divulgação de fatos da vida privada dá aos outros o direito de comentar, interferir e criticar. "E com isso eu perco a possibilidade de ser quem eu sou”, destaca o médico.

Então, ainda que amigos e influenciadores tratem a exposição virtual como algo inevitável e que deve ser realizada, o psiquiatra garante que o uso das redes sociais precisa ser controlado. Afinal, "a exposição ali só existe porque se quer, se permite e, muitas vezes, se deseja", afirma. Lembrando que "qualquer coisa tem custos e benefícios e que, infelizmente, muitos perdem a noção dos custos".

E a orientação do psicólogo Marcel Cesar Julião Pereira para isso é que se tenha coragem de viver de forma mais resguardada e consciente. “Quanto menos a internet souber sobre você, melhor. Se puder não expor nada, seria o ideal”, orienta o mestre em tecnologia e sociedade.

No entanto, ele relata que muitos trabalham nas redes sociais e precisam do uso constante. Para esses, o especialista aconselha que avaliem o motivo que os faz permanecer online e o quanto de si precisam mostrar para alcançar o objetivo proposto. Afinal, "se estou nas redes para vender, preciso expor dados sobre os produtos. Se eu vou criar uma persona digital, preciso analisar os dados e ideias que irei compartilhar”, explica.

Cuidado com informações pessoais nas redes!

Só que em qualquer situação, nunca se deve expor documentos ou dados pessoais, projeção de ganhos finaneiros, localização, placa do carro, endereço e dados a respeito da rotina pessoal ou da família.

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"Principalmente em relação ao filhos", alerta a terapeuta Rayhanne Zago, ao citar riscos de expor fotos das crianças e adolescentes com uniforme escolar, por exemplo, e até mesmo de deixá-los postarem suas próprias informações online, já que 99% dos pequenos acessam as redes atualmente. “Como eles ainda têm o cérebro e caráter imaturos, apresentam muita dificuldade em lidar com as consequências negativas da exposição virtual. Então, tenha cuidado!”, finaliza Rayhanne.