Cem anos em treze. É assim que a professora aposentada, Marina Luiza Gaspar Wisniewski, fala do filho, Pedrinho. Ele faleceu em 2020, aos 13 anos de idade, após lutar contra a leucemia. A história dele deixou muitas lições e um legado: a criação de um instituto para ajudar as famílias que passam por situações parecidas.
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“Ninguém quer ouvir falar de câncer. Vários estudos falam que é tão pesado que as pessoas naão conseguem pronunciar a palavra”, diz Marina. Só que a informação é o mais importante, segundo ela. O diagnóstico precoce pode salvar vidas e minimizar o sofrimento de quem precisa encarar a doença.
A leucemia do Pedro foi descoberta aos 4 anos de idade. Foi um choque para a família, mas o tratamento foi bastante eficaz. Depois de 3 anos de quimioterapia, ele venceu a doença. “Quando uma família enfrenta um câncer acaba que a família inteira, de certa forma, adoece. Você se isola do convívio social. A rotina do tratamento é muito agressiva e o protocolo, demorado”, desabafa.
Na Universidade Estadual de Ponta Grossa, onde lecionava, Marina já desenvolvia um trabalho voluntário. Ao longo da vida, Pedro também se envolveu com o projeto. Juntos, mãe e filho ajudaram a cadastrar 3 mil novos doadores de medula óssea. Tudo ia muito bem até que em 2019 veio a notícia que ninguém mais esperava: uma recidiva tardia.
Um pedido
Mais seis meses de quimioterapia e um transplante de medula óssea fizeram com que Pedro passasse mais tempo no hospital do que em casa. Por complicações em decorrência do transplante, ele acabou falecendo, mas deixou um pedido. “Quando houve a pega da medula do Pedro, no transplante, ele pediu pra montar um projeto para fazer o bem para as pessoas. Ele disse: eu quero viver para fazer o bem, como forma de gratidão”, lembra Marina.
Foi assim que surgiu o Instituto Pedro Gaspar. Em setembro, com um ano de trabalho, já são 9 projetos em andamento. “Abrimos o instituto com a missão de trabalhar com a conscientização sobre o câncer infantojuvenil para que as mães conheçam os sintomas da doença”, explica Marina.
Ela ainda completa: “É a doença que mais leva crianças e adolescentes a óbito. A estimativa do Instituto Nacional do Câncer é de cerca de 8 mil novos casos por ano”.
Diminuir a dor dos outros
Todo mês o Instituto organiza pelo menos uma feira, em parceria com hospitais e universidades, para difundir informações relevantes sobre o tema e angariar novos doadores de medula óssea, pois, segundo Marina, o cadastro só pode ser feito até os 35 anos de idade. Mesmo tendo perdido o filho para a doença, ela segue firme nessa luta.
“Não pense que é fácil dizer isso, porque não é. Lidar com a perda não é fácil. O que a gente faz é, dia após dia, ressignificar essa dor. À medida que eu ajudo a diminuir a dor de alguém que passa pelo que eu passei, minha dor diminui. Eu me sinto útil fazendo algo por essa causa”, conclui.
Em comemoração ao Dia Mundial do Doador de Medula Óssea, comemorado neste sábado (18), o Instituto Pedro Gaspar lançou o Projeto Medula Universitária, um convite aos jovens universitários entre 18 e 35 anos que tenham o desejo de se cadastrar como doadores de medula óssea. O link de inscrições com o regulamento da Ação Solidária, está disponível na bio do Instagram do Instituto Pedro Gaspar (@institutopedrogaspar).