Desemprego dos pais, divórcio, diagnósticos psiquiátricos, encarceramento. Essas situações são alguns exemplos do que as crianças podem viver em sua família. A forma como essas experiências adversas na infância (EAI) interagem com o desenvolvimento da criança tem sido foco de muitos estudos, e inclusive é tratada como uma prioridade de saúde pública.
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Embora com poucas evidências empíricas, as teorias do desenvolvimento preveem que o momento da adversidade afetará, consideravelmente o futuro do indivíduo. Nesse sentido, uma pesquisa publicada na revista JAMA Network Open relata uma análise de dados de registro populacional da Dinamarca, que sugere associações específicas de tempo de EAIs com a transição bem-sucedida de jovens para a idade adulta.
Na pesquisa, foram comparados irmãos que passaram por EAIs de disfunção doméstica simultaneamente em diferentes estágios de desenvolvimento. Por exemplo, quando a exposição de um irmão mais novo na primeira infância foi simultaneamente à exposição de seu irmão mais velho na meia-infância. Nessa análise identificou-se que as exposições a adversidades durante a adolescência (período dos 13 aos17 anos) tiveram associações de risco maior em comparação com adversidades que ocorreram no início do desenvolvimento.
Ou seja, as experiências adversas vividas na adolescência podem interferir mais na transição para a vida adulta do que quando vividas na primeira infância. Essa observação está em consonância com correntes de pesquisa emergentes tanto na neurociência quanto nas ciências sociais que dizem que os benefícios das intervenções na adolescência podem estar subestimados.
Adolescência como período crítico de desenvolvimento
O Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC) considera a primeira infância como período crítico no desenvolvimento devido ao neurodesenvolvimento nos primeiros anos de vida. E esse estudo aponta que a adolescência é um segundo período crítico no neurodesenvolvimento do indivíduo.
Durante a adolescência acontecem as grandes mudanças na vida. Há um aumento da sensibilidade social e da busca de sensação, bem como a busca de um currículo acadêmico diferenciado. Nessa etapa, pequenas interrupções no desempenho acadêmico, por exemplo, podem reduzir drasticamente o acesso à educação superior e às oportunidades econômicas futuras.
Um exemplo é a observação de que as mudanças nas circunstâncias econômicas da família têm associações relativamente maiores com o nível de escolaridade das crianças quando ocorrem durante a adolescência do que quando ocorrem mais cedo na infância.