A Covid-19 mudou a rotina das gestantes e tem trazido muitas preocupações que podem prejudicar a saúde mental da mãe| Foto: Lindsey Weber/Unsplash
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Preocupada com sua saúde, trabalho e com todas as mudanças que a pandemia de Covid-19 trouxe à rotina, a engenheira civil Samara Teles viu a ansiedade e aflição se multiplicarem ainda mais quando recebeu uma notícia que media cerca de 13 milímetros. “Eu estava grávida, e aquilo foi um misto de alegria, emoção, ansiedade e muito medo”, conta a moradora de Governador Valadares, Minas Gerais. “E eu fiquei tão sensível por conta da gestação e das notícias, que bastava ver algo sobre a pandemia para começar a chorar”, recorda a gestante.

Só que essa angústia não tem incomodado somente ela. De acordo com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), cerca de 116 milhões de bebês nascerão este ano em todo o mundo e serão recebidos com duras medidas globais de isolamento, escassez de suprimentos, hospitais superlotados e falta de pessoal qualificado para acompanhar os partos.

Além disso, milhares de gestantes “têm receio de ir aos centros médicos por medo de serem infectadas ou estão perdendo cuidados emergenciais devido a serviços de saúde sobrecarregados, bloqueios e confinamentos”, afirmou nesta sexta-feira (8) a diretora executiva da Unicef, Henrietta Fore. "É difícil imaginar o quanto a pandemia de coronavírus está reformulando a maternidade".

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No caso de Samara, por exemplo, a pandemia não prejudicou suas consultas e exames de pré-natal, mas exigiu uso de máscara e proibiu qualquer acompanhante. “Tive que ir sozinha no meu primeiro ultrassom, dia 25 de março, e fiquei triste por não poder dividir aquele momento tão especial com meu marido”, relata a jovem de 28 anos. “Foi ali que vi os pezinhos e mãozinhas tão pequenos e perfeitos do nosso bebê, e sabia que meu marido queria muito estar ali comigo”.

Segundo o obstetra Marcelo Guimarães Rodrigues, essa medida de prevenção é necessária porque as gestantes que contraem a doença costumam apresentar maior número de complicações. “Principalmente no final da gestação, quando elas têm volume residual pulmonar menor devido à compressão que o útero faz no pulmão”, explica o médico. “Então, como a Covid-19 causa inflamação, a grávida pode apresentar quadro grave e ter dificuldade para se recuperar”.

Isso pode induzir partos prematuros e cesarianas entre as infectadas pelo novo coronavírus e, por isso, clínicas e hospitais que atendem grávidas em todo o mundo passaram a evitar aglomerações durante consultas de rotina e no nascimento dos bebês. “Eu só poderei levar uma pessoa para acompanhar o parto e já me falaram que ninguém terá permissão para nos visitar no hospital”, relata a comerciante Thais Bonetto, de 33 anos.

Com a chegada de sua filha Bianca prevista para 15 de maio, a gestante precisou mudar os planos e sonhos que tinha para o nascimento de sua primogênita e afirma estar passando por momentos bem difíceis nos últimos meses da gravidez. “Tenho consciência de tudo que está acontecendo, mantenho o distanciamento e me cuido ao máximo, mas nunca imaginei que seria assim”, relata a paranaense, que precisou até cancelar o chá de bebê na última hora. “Eu já tinha mandando fazer tudo personalizado do jeito que sonhei e acabei não podendo usar nada”.

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Como lidar com tanta ansiedade?

Diante da situação, a jovem decidiu diminuir o tempo dedicado às informações a respeito da pandemia e passou a focar seus pensamentos em coisas positivas que a deixassem mais calma. “Esta fase já é complicada devido ao aumento na quantidade de hormônios, então não posso deixar influências externas tomarem conta da minha mente”, afirma a moradora de Araucária, na região metropolitana de Curitiba.

De acordo com a psicóloga Lidiane Almeida, as mudanças realizadas por Thais são essenciais e aliviam a ansiedade, tristeza e também a sensação de vulnerabilidade provocada pelo cenário mundial atualmente. “Até porque este já é um momento naturalmente delicado para a mãe, exigindo cuidados especiais quanto à saúde, alimentação, sono e outros detalhes. Então, é preciso ainda mais atenção”, pontua a terapeuta, ao apresentar outras dicas que podem garantir uma boa saúde mental às futuras mamães neste período.

  1. Identifique os pensamentos que causam desconforto

    Questione se eles são verdadeiros, se há evidências de que realmente se concretizarão e se existe embasamento científico para eles. Além disso, tenha certeza de que as informações que a preocuparam são de fontes confiáveis.
  2. Perceba o que esses pensamentos causam a você

    Normalmente acontece um ciclo vicioso com pensamento, emoção, mudanças fisiológicas e algum comportamento prejudicial gerado por tudo isso. Então, quando paramos para avaliar nossas reações e assumimos uma postura mais realista, mudamos a situação.
  3. Cultive uma rede de apoio virtual

    Realize videochamadas constantemente com amigos e parentes que você goste e confie, procure fóruns de mães e participe de conversas saudáveis e motivadoras. Isso tirará seu foco da pandemia e lhe deixará mais alegre.
  4. Organize um chá de bebê online

    Como o encontro tradicional não é permitido neste momento, aproveite as opções virtuais e convide todas as pessoas que quiser. Certamente, elas se sentirão felizes em participar desse evento tão especial.
  5. Faça compras para seu bebê na internet

    Isso irá distraí-la, ocupará seu tempo e te aproximará ainda mais desse pequeno ser que cresce em seu ventre.
  6. Aproveite para descansar

    Após o parto, você terá muito trabalho para cuidar do bebê e sentirá saudades do tempo livre. Então, aproveite agora para relaxar, cuidar de seu corpo, ler um livro e conversar com as amigas, ainda que virtualmente.
  7. Pense no presente que você está recebendo

    Ser mãe é uma dádiva maravilhosa, pois você está gerando uma vida. Por isso, mesmo em meio à pandemia, curta este momento.
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